Rali de Portugal celebra regressos de Arganil e de Loeb

País acelera a partir de hoje e até domingo, ao ritmo do Mundial de ralis, numa prova que promete ser “demolidora”.

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O regresso de Arganil, emancipado após 18 anos de ausência, as elevadas temperaturas previstas até domingo (com máximas de 36 graus), o inevitável pó, a dureza e imprevisibilidade das novas especiais, temidas até pelos mais experientes, como o campeoníssimo Sébastien Loeb (que aos 45 anos está de regresso à competição em part-time, tendo sido inscrito pela Hyundai na sétima prova do WRC, em substituição do norueguês Andreas Mikkelsen), são o cartão de visita da 53.ª edição do Rali de Portugal, que hoje arranca em Coimbra. 

O hexacampeão e actual líder do Mundial, com 122 pontos, Sébastien Ogier, tenta pelo segundo ano consecutivo — agora ao volante de um Citroën C3 WRC, a mesma equipa na qual se iniciou há dez anos — superar a barreira (recorde) das cinco vitórias na prova portuguesa, que partilha com o finlandês Markku Alén (1975, 1977, 1978, 1981 e 1987) e que dura há 32 anos. Além do recorde falhado há um ano, Ogier pode ainda colocar a Citroën a par da mítica Lancia, com oito vitórias (1968, 1970, 1976, 1987, 1988, 1989, 1990, 1992) no Rali de Portugal. 

Com escassos dez pontos de vantagem no Mundial sobre o estónio Ott Tänak, da Toyota (que no Chile bateu o francês por 23,1 segundos), e 12 sobre o belga Thierry Neuville (Hyundai), vítima de aparatoso acidente na sexta prova do Mundial, Ogier assumiu que só “sobreviverá” se, tacticamente, for capaz de posicionar-se, logo de início, num lugar que lhe permita delegar o ónus de ter que “abrir” a estrada (piso duro e escorregadio), nem que para isso tenha de sacrificar algumas posições  no primeiro dia, para contra-atacar no sábado. 

Apesar de tudo, Arganil até nem foi uma má notícia para o francês, que há dois anos fez testes na região para preparar o Rali da Argentina. “Sei que é duro. Falta ver como corre em competição”, explicou Ogier. Perante o desafio da escolha dos pneus certos e da incógnita que representa o regresso do rali ao “desconhecido” centro do país, ninguém parece disposto a arriscar, pelo menos na fase de reconhecimento do terreno. Depois do susto, Neuville revela optimismo, dizendo-se totalmente recuperado do acidente no Chile. O belga mostra-se “empenhado” em repetir a vitória de há um ano (e em recuperar a liderança), apesar de no primeiro dia ter que “andar a limpar a estrada”, por ser o terceiro a partir. Uma posição, apesar de tudo, menos ingrata do que a dos rivais Ogier e Tänak (primeiro e segundo a passarem). 

Duelo de campeões

Apesar de não competir regularmente há cinco anos e de regressar a Portugal após sete anos de interregno — a um rali que venceu em 2007 e 2009, no Algarve —, o recordista de títulos mundiais, com nove vitórias consecutivas entre 2004 e 2012, Sébastien Loeb, parece estar em perfeitas condições para reclamar um lugar entre os favoritos. Especialmente depois do pódio conquistado no Chile (o primeiro obtido com a Hyundai), onde terminou em terceiro, a sete segundos de Sébastien Ogier e a 30 de Ott Tänak. 

Para além da experiência (apesar da estreia a norte), Loeb beneficia do escalonamento à partida, já que é sexto, aproveitando a maior tracção dos troços que os pilotos da frente lhe deixarão. Vantagem que poderá ser esbatida no segundo dia, quando o rali deixar de ser novidade para os restantes pilotos, cumpridas as especiais de Arganil, Góis e Lousã.

“O primeiro dia pode ser bom para mim, pois parto em igualdade de circunstâncias. Mas depois volto a estar em desvantagem, já que já todos conhecem bem o terreno”, lamentou-se face à familiaridade da concorrência com Amarante, Cabeceiras de Basto, Vieira do Minho e Fafe, com a “power stage” e o salto da Lameirinha. 

Sujeito às mesmas condições, embora numa prova paralela, decorre o Campeonato de Portugal de Ralis (CPR), em que o líder, Ricardo Teodósio (Skoda), espera “resistir ao pó, às pedras e aos buracos”, apontando aos três primeiros lugares. Miguel Barbosa (Skoda), opositor de Teodósio, espera um rali interessante, sem abdicar da vitória e do título de português mais bem classificado. Bruno Magalhães (Hyundai) regressa ao CPR apreensivo com a escolha dos pneus e os troços “demolidores”, tendo em mente terminar o rali.

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