Samakuva escreveu ao Presidente por causa dos restos mortais de Savimbi

O Líder da UNITA mandou uma missiva de urgência a João Lourenço e mantém, por agora, o programa das exéquias do fundador do partido. “O general Pedro Sebastião sai beliscado”, diz Sakala.

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Alcides Sakala apelou "à serenidade" e "muita ponderação" porque está em causa a reconciliação nacional AMPE ROGÉRIO/LUSA

A UNITA pretende acabar da melhor maneira o processo de transladação dos restos mortais de Jonas Savimbi do Luena para o cemitério da família na aldeia do Lopitanga, perto do Andulo, na província do Bié. “Queremos terminar um processo que começou bem em Janeiro”, disse ao PÚBLICO Alcides Sakala, porta-voz do partido.

Daí que o líder da UNITA, Isaías Samakuva, tenha enviado uma mensagem de urgência ao Presidente de Angola, João Lourenço, cujo teor Sakala preferiu não revelar ainda, sobre a questão das exéquias do líder histórico que na terça-feira se viram envolvidos em confusão, segundo a UNITA porque o ministro de Estado Pedro Sebastião alterou o que havia sido combinado na comissão tripartida Governo-UNITA-família.

O partido da oposição garante que o acordado era os restos mortais serem entregues no Cuíto, por isso, na terça-feira de manhã, uma comissão de dirigentes do partido, incluindo Samakuva, junto com centenas de apoiantes, esperaram em vão pela urna no aeroporto Joaquim Kapango, na capital da província angolana do Bié.

Enquanto isso, os restos mortais seguiam desde o Luena, na província do Moxico, onde Savimbi estava enterrado desde que foi morto em combate a 22 de Fevereiro de 2002, para o Andulo, sem passar pelo Cuíto.

Pedro Sebastião, chefe de Casa de Segurança do Presidente, afirmou na terça-feira, em conferência de imprensa, que nenhum representante da família ou da UNITA estava presente para receber a urna que ficou à guarda da unidade militar do Andulo. O general garantiu que foi a direcção da UNITA que “impediu os seus representantes na comissão de estarem presentes no Andulo”.

“O general não tem sensibilidade nenhuma para estas questões” e não percebe que o que está aqui em causa é algo que vai para lá de um mero funeral e “tem muito a ver com a reconciliação nacional”.

Num tom conciliador, sem entrar numa contenda argumentativa face a um caso do qual, no entender do porta-voz da UNITA, “o general Pedro Sebastião sai beliscado”, Sakala apelou “à serenidade” e “a muita ponderação” para lidar com o processo. Por isso, apesar dos contratempos, disse que se mantém “o programa das exéquias”, com uma “única alteração” que é, na verdade, um acrescento: esta quarta-feira, a partir das 20h (mesma hora em Portugal continental), haverá uma vigília no Huambo em memória de Jonas Savimbi, presidida por Isaías Samakuva.

O partido quer realizar o funeral no sábado, 1 de Junho, como tinha sido referido anteriormente, apesar de na terça-feira terem tido informação de que o Governo pretendia que a cerimónia se realizasse já esta quarta-feira.

Entretanto, partiu esta quarta-feira para o Andulo uma delegação da UNITA, chefiada pelo vice-presidente do partido e presidente da comissão nacional das exéquias, Ernesto Mulato, com familiares de Savimbi. A mesma delegação que em Janeiro esteve na exumação dos restos mortais no Cemitério do Luena. Delegação que, no entanto, não irá receber a urna, ficando a aguardar no local a resposta que chegar do Presidente João Lourenço à mensagem de urgência enviada por Isaías Samakuva.

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