A propósito das eleições para o Parlamento Europeu
As análises mais interessantes serão as dos votos absolutos e não das percentagens ou dos mandatos obtidos, como os partidos parlamentares gostam de insistir.
1. Sobre as eleições do próximo domingo tive já a oportunidade de escrever há quase seis meses. Do ponto de vista dos resultados, reitero aquilo que então sugeri. Primeiro, as eleições europeias assumem-se inevitavelmente como uma grande sondagem para as legislativas de outubro. Obviamente, os resultados são usualmente distintos, mas as tendências são possíveis de extrair naquilo que é a primeira consulta eleitoral verdadeiramente nacional desde a formação da “geringonça” no final de 2015. Segundo, talvez com exceção da CDU, todos os partidos podem facilmente usar os resultados europeus para a sua propaganda. PS, PSD, CDS e Bloco partem de um número de mandatos tão baixo que muito dificilmente terão piores resultados agora do que em 2014 (segundo as últimas sondagens, só o PSD consegue correr esse risco). Apenas a CDU teve um bom resultado em 2014 e arrisca perder um mandato nestas eleições (pelos menos, fazendo fé nas sondagens disponíveis). Mesmo que o PAN, Livre, Nós-Cidadãos ou os novos partidos (Aliança, Iniciativa Liberal, Basta) consigam a proeza, implausível, de eleger dois deputados (substituindo, assim, Marinho Pinto), os partidos do regime partem de uma posição tão débil que será fácil cantar vitória na noite eleitoral e acarinhar as habituais claques. Por exemplo, o sorpasso do CDS ou o crescimento do Bloco para o patamar de partido médio podem ser convenientemente esquecidos e a eleição de dois deputados será sempre apresentada como um grande resultado. Para o PS, o mesmo poucochinho de 2014 pode facilmente ser um resultado de dimensões históricas em 2019!
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