Sondagem confirma tendência: PS à frente do PSD na corrida às europeias

Segundo uma sondagem da Pitagórica para o JN e TSF, os socialistas somam 32,4% da intenção de voto, enquanto o PSD contabiliza 24,8%.

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António Costa com Pedro Marques e Mário Centeno num comício em Setúbal MIGUEL A. LOPES/LUSA

Em vésperas de eleições europeias, o PS destaca-se do PSD com uma vantagem de quase oito pontos percentuais, de acordo com a recente sondagem da Pitagórica para o Jornal de Notícias e TSF.

Entre Abril (mês da sondagem anterior da Pitagórica) e Maio, os socialistas (32,4%) passaram de uma diferença de dois para quase oito pontos percentuais face aos sociais-democratas (24,8%). A explicação estará na crise dos professores, escreve o Jornal de Notícias.

Já o Bloco de Esquerda, segundo a estimativa, contabiliza 12,9% das intenções de voto, seguido pela CDU (7,1%) e CDS (6,7%), com o PAN a registar 3,3% e a ficar próximo de eleger um eurodeputado. O PDR, de Marinho e Pinto, soma 2,1% das intenções de voto às europeias, enquanto o Aliança, de Paulo Sande, fica com 1,2% e o Basta, de André Ventura, com 1%.

As últimas projecções, acrescenta o JN, mostram um cenário distinto daquele que se previa em Abril, o que poderá estar relacionado com o número de indecisos, que diminuiu acentuadamente. Os indecisos corresponderão agora a 14,7% dos inquiridos, destacando-se os mais jovens (27,7%), os mais pobres (21,3%) e os que residem mais a Norte (19,8%).

A sondagem é publicada dois dias depois de o PÚBLICO e a RTP divulgarem outro estudo de opinião, que dá 33% ao PS e 23% ao PSD.

Efeito “professores"?

Outra das razões apontadas para a vantagem dos socialistas estará relacionada com a discussão sobre a recuperação do tempo de serviço dos professores. Isto porque, embora metade dos inquiridos acredite que as reivindicações dos professores são justas, 55% acreditam que o objectivo do PSD e do CDS seria simplesmente ganhar votos. Além disso, grande parte dos eleitores (66%) considera o controlo das contas públicas mais importante do que a reposição das carreiras dos professores e outros funcionários públicos, com Rui Rio e Assunção Cristas a serem avaliados de forma negativa.

A sondagem apresenta uma margem de erro de 4,07% (tendo já em conta a quantidade de indecisos) e prevê uma abstenção elevada, em linha com o registado nos últimos cinco actos eleitorais em que a abstenção ficou sempre acima dos 60%. Neste sentido, é necessário algum cuidado na interpretação de tais previsões. Como destaca Alexandre Picoto, da Pitagórica, ao JN “se existem eleições onde a previsibilidade é colocada em causa é justamente nas europeias” devido aos elevados níveis de abstenção.

Atentando apenas à intenção directa de voto (excluindo a abstenção e a distribuição de indecisos), a diferença entre o PS e o PSD passa de um para mais de quatro pontos percentuais, com a vantagem dos socialistas amparada essencialmente pelos eleitores mais idosos (uma diferença de cerca de 13 pontos em relação ao PSD) e mais pobres (uma vantagem de 17 pontos percentuais). É apenas entre os mais ricos que o PSD consegue destacar-se do PS (com uma diferença de 7 pontos) e entre os que vivem no Grande Porto (10 pontos).

O BE, por sua vez, situa-se em terceiro lugar com a hipótese de eleger um terceiro eurodeputado. Já a CDU cresce meio ponto desde a última sondagem de Abril e — embora ultrapasse o CDS — só deverá conseguir eleger dois eurodeputados.

Alexandre Picoto acrescenta ao JN que os comunistas são “claramente prejudicados” pelo desvio amostral observado na fase de recolha, o que “pode explicar o fraco resultado da CDU numa eleição onde é historicamente forte”. Quanto ao BE e ao PAN, o especialista nota que será necessário aguardar pelo dia eleitoral para confirmar se os eleitores destes partidos vão manter o “entusiasmo” que mostraram na sondagem.

Caso as projecções se confirmem, o BE poderá vir mesmo a ser o partido com o maior crescimento (de 8 pontos percentuais) face às eleições de 2014. Já o PAN regista a melhor percentagem entre os eleitores mais jovens (12,8%), dos 18 aos 24 anos, e ocuparia o segundo lugar na intenção directa de voto, a seguir ao PSD (14,9%).

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