No início de Maio, Michael Hood, co-fundador de 22 anos da startup canadiana Voiceflow, pegou no seu smartphone e apontou para Warren Buffett, que estava sentado ao lado dele no banco de trás de um carro: “Então, você está conversando com pessoas jovens. Qual é a dica que pode dar a pessoas de 21, 22 anos, que se estão a formar?” O “Oráculo de Omaha” não hesitou: “Invista em você mesmo. A única maneira de valer 50% a mais do que você vale agora é aprimorando as suas habilidades de comunicação — tanto escritas quanto verbais. Se não consegue comunicar, é como piscar [o olho] para uma miúda no escuro — nada acontece. Pode ter toda a inteligência do mundo, mas tem que ser capaz de transmiti-la. E a transmissão é comunicação.”
Compartilho com Buffett a mesma convicção. Acredito que o êxito profissional é alcançado a partir da soma de três pilares: formação técnica eficaz, networking qualificado, e, claro, uma comunicação eficiente. Para já, vou-me focar apenas nesse último elemento. Isto porque a capacidade de comunicar com eficiência é cada vez mais uma das competências essenciais na actualidade, tanto na esfera privada como no mundo do trabalho. E não apenas para ser contratado, mas para permanecer no lugar.
Quando falo em comunicação, não me refiro apenas ao processo aprendido na escola, em que um emissor envia uma mensagem, por um determinado canal, a um passivo receptor. Não. Entendo comunicação como um processo pelo qual partilhamos informações, transmitimos mensagens, fazemos perguntas e expressamos os nossos pensamentos e sentimentos. Entendo-a como um dos fundamentos da liderança, exercida para motivar pessoas a alcançarem objectivos comuns.
Peter Drucker, pai da administração, escreveu no seu livro People and Performance: “No futuro haverá uma relação directa entre o sucesso profissional e a capacidade de escrever e falar. As pessoas vão crescer na empresa à medida que melhorarem essas habilidades.” Acredito não apenas que Drucker acertou em cheio, como o referido futuro já chegou. O desafio, no entanto, é: como se fazer compreender e ser compreendido no ambiente de trabalho?
Penso que a base da comunicação eficiente é não praticar julgamentos. Quando observamos sem julgamentos, comunicamos naturalmente de maneira mais assertiva. A comunicação assertiva é um modo de expressão que nos permite emitir mensagens honestas e objectivas, sem desconsiderarmos o ponto de vista e as necessidades do outro. Situações como a crítica entre os colegas, o individualismo proveniente dos ruídos em equipa, a desagregação através de intrigas, a depreciação da figura do cliente e a insegurança no posicionamento da fala são só alguns problemas de comunicação que acabam por atrapalhar a carreira de um profissional. É aí que entra a importância de desenvolver a inteligência emocional e praticar a estrutura de um diálogo proactivo.
Os conflitos nascem da dificuldade de compreender e ser compreendido. A oposição entre as pessoas começa na divergência de interpretação sobre os mesmos factos, na discordância sobre quem deve resolver os problemas e, por fim, na dificuldade de fazer pedidos e perguntas assertivas. Estamos tão presos à necessidade de agilidade, sempre “na luta” ou “na correria”, que não vemos o quanto a nossa comunicação pode ser reactiva, ineficiente e muitas vezes violenta. O primeiro passo para praticar a compreensão é treinar a escuta activa e ouvir com atenção. À medida que aprendemos a compreender a mensagem que está a ser transmitida, permitimos uma maior sensibilidade e, com isso, estabelecemos uma conexão genuína, evitando conflitos.
Outro passo fundamental é prestar atenção ao momento certo para expressar a nossa opinião. Falar no momento errado pode acabar por comprometer o discurso e a compreensão daquilo que almejamos dizer. Escolher boas palavras e praticar a objectividade também é imprescindível. Aliás, nada mais óbvio na comunicação do que ir directo ao ponto, sem esquecer, evidentemente, que o corpo fala. Os nossos olhos e gestos comunicam; por isso, a importância de ficar atento à linguagem corporal. Para melhorar a forma de comunicar, é preciso conhecer-se e ter clareza sobre os impactos da mensagem.
Quem comunica de modo eficiente concentra-se nas necessidades do interlocutor. Essa prática, além de conectar as pessoas, também favorece o trabalho em equipa e relacionamentos de sucesso. Para um profissional ter credibilidade dentro da empresa, além de desempenhar com excelência as suas actividades, tem de comunicar assertivamente com o máximo de pessoas possível. Influência é rede. E comunicação é (e sempre será) a chave.