FIFA afasta cenário de 48 selecções no Mundial de 2022

Organismo assume circunstâncias desfavoráveis ao alargamento e revela que a proposta não irá ser discutida no próximo congresso.

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LUSA/Noushad Thekkayil

O Campeonato do Mundo de 2022, no Qatar, será disputado por 32 selecções, confirmou nesta quarta-feira a FIFA, em comunicado definitivo, emitido ao final do dia, na sequência de uma reunião entre aquele organismo e o país organizador, que não fez qualquer declaração a este respeito. 

Contrariando a expectativa do presidente da FIFA, Gianni Infantino, que defendia a proposta de alargar a fase final do Mundial a 48 equipas, as conclusões deste encontro levaram os responsáveis a recuar, assumindo que “nas actuais circunstâncias não é possível implementar a medida” preconizada, pelo menos em tempo útil.

Gianni Infantino havia defendido um modelo com 48 selecções, apoiado numa ideia que acrescentaria à equação novos países à organização do Mundial. Do estudo apresentado pela FIFA constava a possibilidade de Omã e Kuwait poderem “aliar-se” ao Qatar, uma vez que Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, entre outros territórios da região, não seriam uma alternativa viável do ponto de vista geopolítico. 

O plano da FIFA acabou por ser duplamente frustrado: face ao desinteresse dos “vizinhos” Omã e Kuwait e ao inerente caderno de encargos, que obrigaria ainda a criar novas estruturas capazes de corresponder às exigências do projecto. Isto após esgotar outras possibilidades, como a de o próprio Qatar suportar, na totalidade, todo o esforço necessário para acolher mais 16 países na fase final do campeonato do Mundo — nem que para tanto fosse necessário alterar algumas premissas.

“Numa análise conjunta sobre esta matéria, concluiu-se que, em virtude do adiantado estado de preparação do evento, bem como da necessidade de elaborar um detalhado estudo sobre o impacto desta medida em termos logísticos para o próprio Qatar, o tempo necessário para podermos tomar uma decisão devidamente ponderada excederia todos os prazos estipulados para avançarmos sem riscos para um Mundial com 48 equipas”, anunciou a FIFA na declaração feita ao universo futebolístico. 

“Nesse sentido, decidimos abandonar esta possibilidade”, confirmou o organismo. Gianni Infantino tinha, de resto, em Março, dado sinais de poder  recuar, como se depreende do teor das declarações proferidas na cimeira da FIFA, em Miami: “Se acontecer, será fantástico. Se não for possível, será igualmente fantástico”, admitiu o líder da entidade que tutela o futebol mundial.

Viável em 2026?

Perante este anúncio definitivo, a ideia fica agora em suspenso até à realização do Campeonato do Mundo de 2026, cuja organização será partilhada por Estados Unidos, Canadá e México. Mesmo a uma distância de sete anos, todas as previsões apontam para a inclusão de 48 selecções no torneio norte-americano, estando à partida afastado qualquer problema logístico. 

Face ao número de estádios e às infra-estruturas existentes e previstas, essa será menos uma barreira a transpor pela FIFA, ao contrário do verificado no Qatar. O Mundial 2022 tem sido afectado por diversas polémicas, enfrentando inúmeros obstáculos, nomeadamente de ordem política e económica, que inviabilizam o plano de alargar a organização a outros países da região do Golfo. 

As difíceis relações comerciais e os constrangimentos que afectam as vias de comunicação com os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bahrein e Egipto acabaram por contribuir para deitar por terra esta alteração ao formato do torneio. 

Na base das divergências está uma acusação dirigida ao Qatar, por alegado apoio ao terrorismo, facto negado pelo país organizador do Mundial 2022. Perante este cenário de conflito, a FIFA entendeu não estarem reunidas as bases para um acordo, já que o bloqueio teria que ser levantado antes mesmo de ser colocada a possibilidade de avançar para uma organização conjunta.

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