Buscas da Polícia Judiciária no Hospital de Cascais
Em causa está falseamento de dados clínicos para aumentar receitas pagas à parceria público-privada.
A Polícia Judiciária efectuou buscas no Hospital de Cascais, no âmbito de suspeitas sobre o falseamento de resultados clínicos e algoritmos do sistema de triagem da urgência para aumentar as receitas pagas à parceria público-privada.
“Confirma-se a realização de diligências no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público do DIAP de Sintra”, informou a Procuradoria-Geral da República. A realização das buscas foi avançada pela SIC Notícias, que refere que a Polícia Judiciária esteve ainda na sede do grupo Lusíadas.
A 15 de Maio foi tornado público que o Ministério Público abriu um inquérito para apurar a veracidade das denúncias que apontavam para o falseamento de dados. A investigação surgiu na sequência de uma reportagem emitida pela SIC em que actuais e antigos funcionários denunciavam casos de falseamento de dados em ficheiros de doentes e alterações no sistema da triagem na urgência para aumentar as receitas pagas à parceria público-privada.
Um dia antes, também o Ministério da Saúde tinha determinado à Administração Regional de Saúde a abertura de um processo de inspecção. Relatos de antigos e actuais funcionários dão conta de como os trabalhadores eram impelidos a aligeirar sintomas de doentes, de forma a que os algoritmos da triagem de Manchester dessem uma cor de pulseira verde em vez de amarela, por exemplo, para que os tempos máximos de espera não fossem ultrapassados. O incumprimento dos tempos de espera faz o hospital incorrer em penalizações financeiras.
O grupo Lusíadas, que gere o Hospital de Cascais, negou o envolvimento da administração da unidade de saúde nas situações relatadas, mas indicou que será feita uma análise. A ter existido alguma destas situações, alegou, isso ter-se-ia ficado a dever a comportamentos individuais de profissionais.
Na sequência das buscas, aquela unidade hospitalar garantiu que “sempre se empenhou em prestar aos seus utentes cuidados de saúde de elevada qualidade e em servir a comunidade com a máxima integridade”.
“Encaramos estas alegações de forma muito séria e estamos activamente a investigá-las, bem como estamos a cooperar totalmente com a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde e com a Polícia Judiciária”, acrescentou.