Huawei garante que decisões sobre Android não afectarão clientes
Google confirma que equipamentos mantêm acesso à loja Google Play. Fabricante chinês lidera mercado nacional com mais de 750 mil vendas em 2017 e 2018.
A Huawei garante que os actuais e futuros clientes dos equipamentos móveis deste fabricante chinês não têm de se preocupar com o facto de a Google ter afastado a Huawei do sistema operativo Android e da loja de aplicações Google Play Store.
“A Huawei continuará a fornecer actualizações de segurança e serviços de pós-venda para todos smartphones e tablets Huawei e Honor existentes, abrangendo os equipamentos vendidos e os que ainda estão em stock", diz a empresa, num comunicado de resposta a questões colocadas pelo PÚBLICO, nesta segunda-feira. A Huawei é líder de mercado em Portugal, com uma quota de mercado de 28,7%, segundo dados compilados pela consultora IDC. Em 2017 e 2018 vendeu mais de 750 mil equipamentos em Portugal. A Samsung ocupa o segundo lugar, com uma quota de 26,1%.
“Continuaremos a construir um ecossistema de software seguro e sustentável, a fim de fornecer a melhor experiência para todos os utilizadores globalmente”, escreve o fabricante sediado em Shenzen.
No domingo, soube-se que a empresa-mãe do Google, a Alphabet, tomara a decisão de afastar a Huawei da plataforma Android e dos serviços associados a este sistema operativo – incluindo a loja de aplicações Google Play Store – depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter declarado o estado de emergência informática e de ter proibido as relações comerciais de empresas norte-americanas com outras que representem riscos para a segurança nacional.
“A Huawei tem contribuído substancialmente para o desenvolvimento e crescimento do Android em todo o mundo. Como um dos principais parceiros do Android a nível global, temos trabalhado de perto com a sua plataforma de open-source para desenvolver um ecossistema que tem beneficiado os consumidores e a indústria”, destaca a empresa chinesa, que acabou por não responder a nenhuma das perguntas colocadas pelo PÚBLICO.
Uma das questões tem a ver com a possibilidade de lançar um sistema operativo próprio como alternativa para os mercados da Huawei fora da China. Esse investimento estava a ser feito, como relevou o presidente-executivo da Huawei para o grande consumo, Richard Yu, numa entrevista a um diário alemão em Março. Embora não responda a isto, o comunicado destaca que os chineses têm ajudado a desenvolver a “plataforma open source do Android” – e mesmo Richard Yu referiu que privilegiariam sempre a cooperação com a Google.
Outra pergunta tem a ver com a situação dos actuais clientes. Continuam a ter acesso ou não ao Android e à loja de aplicações? Do lado chinês, não se acrescentou nada, mas há algumas horas, a Google garantiu, numa mensagem difundida através do Twitter, que “serviços como o Google Play e de segurança como o Google Play Protect continuarão a funcionar nos equipamentos Huawei existentes"
Na “lista negra” da Casa Branca estão a Huawei e 70 subsidiárias deste fabricante. Outros gigantes tecnológicos imitaram a Alphabet, como os fabricantes de processadores Qualcomm, Broadcom e Intel. Dizem que, por agora, deixarão de fornecer chips à Huawei.
Washington tem insistido no argumento de que a lei chinesa das informações, aprovada em 2017, coloca a Huawei à mercê dos interesses miltares e de espionagem de Pequim. Até hoje, não apresentou provas dessas alegações – a Casa Branca e todos os representantes dos EUA neste tema limitam-se a apontar para o poder que a referida lei coloca nas mãos do governo chinês.
Há meses que os EUA têm tentado influenciar parceiros comerciais e aliados da NATO, como Portugal, para afastarem a Huawei dos negócios nas telecomunicações. Até agora, a Europa tem resistido a todas as iniciativas, apesar de dizer que compreende a importância de assegurar a integridade das comunicações e da infra-estrutura.