Costa acusa Rangel de ter pedido a Bruxelas para pôr o Governo “na ordem”

Os socialistas foram os únicos a manter as iniciativas depois dos jogos de futebol e tiveram dificuldades em compor uma sala demasiado grande para a mobilização real.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

A avaliar pelo número de bandeiras espalhadas nas cadeiras, e até pela insistência em manter a iniciativa esta sexta-feira à noite, o PS deveria esperar uma mobilização que enchesse uma boa parte do grande auditório de 800 lugares do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. A realidade ficou longe disso. Quem foi a Guimarães ouviu os socialistas cerrarem fileiras contra a abstenção e contra a direita. “Vamos a eles”, gritou-se na plateia. Costa assentiu.

A história deste comício em tempos de bola conta-se de duas maneiras: uma pela forma, outra pelo conteúdo. Comece-se pela forma. Passavam 45 minutos da hora marcada quando os intervenientes começaram a chegar para os discursos. Ao microfone, o speaker pedia desculpa pela demora e exigia dinâmica aos resistentes, que trocaram a festa do título ou o recato do lar pela ida a um comício. “Quero ver essas bandeiras a mexer, esses corações a aquecer!”

Por entre a plateia, havia um pedido para que as pessoas se juntassem. “Mandaram-me vir para aqui”, disse uma senhora que queria sentar-se na fila dos jornalistas, sentados numa das muitas clareiras da sala.

Agora o conteúdo. Ao todo foram seis os discursos e no primeiro, o líder da concelhia de Guimarães dom PS, Luís Soares, começou logo por justificar a manutenção da iniciativa. “Mantivemos a nossa iniciativa, porque sabemos bem a importância das eleições europeias”. Também Pedro Marques chegou a explicar que este, por marcar o fim da primeira semana de campanha, “é um dia decisivo e o PS está em campanha de manhã à noite”.

Depois chegariam os elogios a Costa pela voz do líder da federação socialista de Braga, Joaquim Barreto – “tem sido um factor de agregação, de união” – e pelo ministro José António Vieira da Silva, que apareceu pela terceira vez na campanha: “António Costa não é apenas um dos líderes mais influentes do Partido Socialista Europeu, é de toda a União Europeia. E a nossa voz é escutada em qualquer assunto que releve para o futuro da Europa”, disse o ministro, que defendeu assim que faz diferença votar no PS ou noutro partido.

“O PS nunca foi eurocéptico, eurocínico, euro-submisso. Não, nós somos europeus de pleno direito”, disse Vieira da Silva. Para o socialista, pai político do candidato socialista às eleições europeias, os argumentos para mostrar a importância das eleições europeias de dia 26 prendem-se também com o facto de a Europa agora reconhecer Portugal “como referência para o futuro do nosso continente”. “Não queremos ir além da troika, queremos fazer diferente da troika, não queremos ir além do que nos mandam, mas do que queremos fazer”, finalizou.

A mensagem de que o PS é diferente, alegam os socialistas, decorre do facto de o Governo ter provado lá fora e cá dentro que havia alternativa à austeridade. “O cabeça de lista do PSD, pediu à Comissão Europeia que viesse a Portugal impedir a mudança, porque com esta mudança não íamos cumprir as regras. Pediu à Comissão Europeia para nos vir cá pôr na ordem”, acusou António Costa, que este sábado esteve nos dois comícios do partido no Minho.

“Felizmente ainda não temos uma extrema-direita com força suficiente para disputar as eleições. Mas não tenhamos ilusões, não é indiferente saber em quem se vota”, reforçou.

Nos comícios, a mensagem dos socialistas não tem variado muito. Na verdade, não há muita esperança de que haja grandes mudanças, pelo menos a avaliar pelas palavras do candidato. “Vão ser sete dias de campanha a dizer sempre isto: o nosso inimigo é a abstenção”.

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