Há quem não resista a uma boa gargalhada logo que se começa a falar de uma crise de identidade. “Mas esse é o estado natural da França.” Continuando a conversa, também se pode chegar facilmente à conclusão contrária: esta crise de identidade é, precisamente, porque a França não tem crise de identidade nenhuma. Com uma História milenar, no centro de um continente cujas nações nasceram de guerras sucessivas e de sucessivas mudanças de fronteiras, a França vive, citando o politólogo Alain Duhamell, entre uma persistente “malaise”, palavra intraduzível, e os seus frequentes assomos de “grandeur”. “Sempre viveu entre triunfos e derrotas, conquistas e recuos, resplandecente e acabrunhada, deslumbrada com a sua própria grandeza, para mergulhar na mais profunda depressão. Tocando o fundo em Vichy para reencontrar a chama com De Gaulle, inventando a Europa e perdendo o Império, conquistando a prosperidade para cair na crise.”
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