Palcos da semana
Os próximos dias trazem Dead Can Dance a louvar Dionysus e marionetas a contar histórias, mas também cartoons com Trump e Dylan, Ribeiro para lá do fado e Nogueira em dilemas morais.
Teatro
Da moralidade ao medo
Tiago Guedes lançou-se no final de 2017 a Órfãos, um texto sobre violência, medo e crime em contexto urbano, escrito pelo dramaturgo Dennis Kelly. Agora, regressa ao autor inglês para encenar A Matança Ritual de Gorge Mastromas, mais uma peça habitada por demónios. Desta vez, têm a forma de dilemas morais. O foco está no personagem do título, cuja conduta, dúbia, vai sendo esmiuçada em retrospectiva. O elenco é formado por António Fonseca, Beatriz Maia, Inês Rosado, José Neves, Luís Araújo, Rita Cabaço e Bruno Nogueira no papel principal. Nogueira prossegue assim a carreira no teatro (depois de Actores ou O Meu Vizinho É Judeu), ao mesmo tempo que vai somando marcos na televisão, na rádio e também na comédia stand-up. Acaba de anunciar, por exemplo, a chegada do seu (recorrentemente esgotado) espectáculo a solo, Depois do Medo, à Altice Arena (Lisboa), a 14 de Fevereiro de 2020.
Música
Para lá do fado, respeitosamente
A música de Ricardo Ribeiro sempre teve o fado como porta de entrada e a poesia como alicerce, mas abrindo janelas para outros horizontes (trabalhou, aliás, com nomes João Gil, Rão Kyao, Pedro Jóia ou Rabih Abou-Khalil). No final de Abril, fez nova afirmação de versatilidade com Respeitosa Mente, um álbum gravado com o pianista João Paulo Esteves da Silva e o percussionista Jarrod Cagwin. É com este trio que apresenta o disco no Porto e em Lisboa. Entre os dois concertos, Ribeiro vai ainda cantar a Albergaria-a-Velha, como convidado do brasileiro Yamandu Costa e da sua guitarra de personalidade vincada.
Marionetas
Vá pelos seus dedos
Zigmund Follies, uma história contada pelos 20 dedos de (e com) Philippe Genty, é um dos destaques do 12.º Encontro Internacional de Marionetas de Montemor-o-Novo. E um dos momentos que prova, como tem sido regra no festival da Alma d'Arame, que esta arte está longe de se restringir à manipulação de bonecos e ao registo puramente teatral. A programação central deste ano compreende 12 espectáculos entregues a companhias de cinco países. Paralelamente, decorrem conversas, música, cinema e oficinas.
Música
A um deus grego
Os Dead Can Dance não actuam em Portugal desde 2013, quando passaram pelo Coliseu de Lisboa e pelo festival portuense Primavera Sound, depois terem esgotado a Casa da Música no ano anterior. Na altura, tinham em mãos Anastasis, que vinha romper um hiato discográfico de 16 anos. Os fãs da banda de Lisa Gerrard e Brendan Perry não tiveram de esperar tanto pelo sucessor: em 2018, saía Dionysus. Segmentado em dois actos – no sentido de representar as diferentes facetas do deus grego e respectivo culto –, é um álbum ambicioso, épico, estudado e enriquecido por um vasto lote de instrumentos em que tanto cabe o saltério como a balalaica, o davul ou o berimbau.
Cartoon
Entre Trump e Dylan
A partir de sábado, o Museu Nacional da Imprensa mostra trabalhos de cartoonistas que, um pouco por todo o globo, se debruçaram sobre Línguas e o Mundo, o tema da 21.ª edição do concurso PortoCartoon. Um deles é o retrato de Trump como um camaleão devorador de dinheiro, desenhado pelo vencedor deste ano, o belga Luc “O-sekoer” Descheemaeker. No segundo e terceiro lugar ficaram, respectivamente, o croata Mojmir Mihatov e o espanhol David Vela. Entretanto, é inaugurada em Matosinhos uma exposição relacionada, onde pode ser vista uma centena de desenhos que concorreram ao Prémio Especial de Caricatura do PortoCartoon, este ano dedicado ao nobelizado cantautor norte-americano Bob Dylan.