Escritores, cineastas, advogados, activistas, professores e músicos. A lista é diversificada e reúne mais de 90 nomes. Entre eles estão Pilar del Río, Afonso Cruz, Sérgio Godinho, Zélia Afonso — viúva de Zeca Afonso —, Fausto, Kalú, José Luís Peixoto, José Vítor Malheiros e Rui Zink. Unem-se para apelar ao voto em Marisa Matias, a número um do Bloco de Esquerda na corrida a Bruxelas, numas eleições que são “frequentemente desvalorizadas pelas cidadãs e pelos cidadãos europeus”.

A preocupação com o crescimento de forças populistas e de extrema-direita é um dos pontos sublinhados pelos 92 signatários. Os apoiantes da bloquista lembram que estas “eleições se revestem da maior importância para o que virá a ser o futuro de todos” e consideram que a eurodeputada do Bloco de Esquerda tem prestado um trabalho “irrepreensível” em Bruxelas.

“Perante uma tendência generalizada de crescimento das forças de uma direita populista e, até, da extrema-direita, compete-nos lutar para que esta tendência se inverta e para que possamos apontar outros caminhos que nos levem na direcção de uma Europa das cidadãs e dos cidadãos”, lê-se na carta assinada por António Capelo, mandatário nacional da candidatura do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu.

Uma opinião partilhada também pelo sociólogo Boaventura Sousa Santos, pela jornalista Diana Andringa e pela apresentadora e activista feminista das Capazes, Rita Ferro Rodrigues.

O grupo sublinha a importância da “luta pelo respeito do trabalho, pelo respeito do meio ambiente, pelo respeito das minorias, pela inclusão e pelo fim da pobreza” contra “toda e qualquer discriminação” e de um sistema que “não fique refém de um sector financeiro que a todos vampiriza”.

Na lista estão também activistas defensores de direitos LGBTI+, como Fabíola Neto Cardoso, o sargento páraquedista, membro da Associação de Deficientes das Forças Armadas, António Carmo Vicente, o músico Rui David e o cineasta Andrzej Kowalsky.

Um dos maiores elogios chega de Pilar del Río, que enaltece “a voz de veludo” da candidata, “ouvida de forma nítida na sala de plenário” e capaz de “atravessar fronteiras”. “Fala impulsionada pela força dos votos, ou seja, representa-nos e com ela brilha o nosso melhor eu”, escreve a jornalista e escritora espanhola.

A viúva de José Saramago elogia também o perfil da eurodeputada, que sendo “feminista e humanista, toma partido por causas que melhoram a sociedade”, avalia Pilar del Río.

A jornalista vinca também as “as sombras negras que dilaceram” a Europa e que não podem sem desassociadas das discussões acerca de Bruxelas. “Os 39 partidos de extrema-direita, a xenofobia, a violência sistémica, a corrupção financeira e empresarial, o auge das máfias, a debilidade da política e o esvaziamento da democracia”. Sombras que, escreve Pilar del Río, se acalmam com “quem defende outro modelo de organização e convivência”.

“Marisa representa a nova geração de direitos humanos, a vindicação da ética da responsabilidade, o dever de cuidado com o que nos rodeia e o planeta”, conclui.