Portugal e Europa resistem e voltam a acelerar no ínicio do ano

Depois de seis meses a abrandar, taxas de variação do PIB aumentam ligeiramente no primeiro trimestre de 2019, em sintonia com o resto da zona euro. Procura interna, em particular o investimento, compensou contributo mais negativo das exportações líquidas.

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LUSA/RODRIGO ANTUNES

Depois de um final de ano passado de abrandamento, Portugal iniciou 2019 interrompendo essa tendência negativa e garantindo uma ligeira aceleração do seu ritmo de crescimento. De acordo com a estimativa rápida para o PIB publicada nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a economia portuguesa cresceu 0,5% no primeiro trimestre de 2019, mais do que os 0,4% do final do ano passado. Em termos homólogos, a taxa de crescimento passou de 1,7% para 1,8%. 

Este resultado acontece depois de, na segunda metade de 2018, a economia nacional, em sintonia com a europeia, ter registado um abrandamento, que tinha feito baixar a taxa de variação homóloga do PIB de 2,5% no segundo trimestre de 2018 para 1,7% no quarto trimestre, colocando a variação do PIB no total de 2018 em 2,1%. O abrandamento da economia em 2018, em particular na parte final do ano, deveu-se à evolução menos positiva das exportações.

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Agora, no arranque de 2019, as exportações continuam a dar um contributo menos positivo, mas a procura interna, em particular o investimento, parecem estar a compensar esse resultado. Na estimativa rápida, o INE não divulga ainda os dados das componentes do PIB mas diz que “o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou, reflectindo uma aceleração significativa do investimento”. Assinala ainda que, em contrapartida, “o contributo da procura externa líquida foi mais negativo que o observado no trimestre anterior, em resultado da aceleração mais intensa das importações que das exportações”.

A ligeira aceleração da economia portuguesa acontece ao mesmo tempo que os dados sobre a evolução do mercado de trabalho dão conta de um ligeiro aumento do desemprego nos primeiros três meses de 2019, o que aconteceu pela primeira vez desde 2016. No primeiro trimestre, a taxa de desemprego subiu para os 6,8%, ficando acima dos 6,7% registados no trimestre anterior, mas na comparação com o período homólogo de 2018 o desemprego continuou a baixar.

Para o total de 2019, o Governo espera actualmente que a economia cresça 1,9%, acima dos 1,7% previstos pela Comissão Europeia, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco de Portugal e também acima dos 1,6% antecipados pelo Conselho das Finanças Públicas.

O desempenho da economia portuguesa no início deste ano continuou a estar em sintonia com aquilo que aconteceu no resto da zona euro. Os dados publicados também esta quarta-feira pelo Eurostat mostram que, depois de uma segunda metade do ano de crescimento muito baixo, os países da moeda única registaram uma variação trimestral do PIB um pouco mais alta, de 0,4%. A taxa de crescimento homólogo interrompeu a forte queda registada na segunda metade do ano passado e estabilizou nos 1,2%. A contribuir para estes resultados esteve sobretudo a Alemanha, que depois da travagem brusca do final de 2018, cresceu 0,4% no primeiro trimestre deste ano.

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Portugal manteve um ritmo de crescimento superior à média da zona euro, tanto em cadeia (0,5% contra 0,4%) como face ao período homólogo (1,8% contra 1,2%), mas os únicos países que supera são aqueles com economias com uma dimensão substancialmente maior ou níveis de rendimento per capita mais elevados, como a Alemanha, França, Itália, Bélgica e Áustria. A Espanha também registou uma ligeira aceleração da sua economia, com um crescimento trimestral de 0,7% e uma variação homóloga de 2,4%.

Em reacção a estes dados, o Ministério das Finanças atribui a aceleração do crescimento do PIB ao “aumento mais pronunciado da procura interna e, particularmente, do investimento, que mais do que compensou a diminuição do contributo para o crescimento proveniente do comércio internacional”.

“A aceleração do investimento no primeiro trimestre é o principal destaque da aceleração da economia. Este maior crescimento reflecte-se no aumento das importações, onde se destaca o crescimento expressivo da importação de bens de investimento, como é o caso de máquinas e outros bens de capital, material de transporte e produtos transformados destinados à indústria”, lê-se num comunicado divulgado nesta quarta-feira ao final da manhã.

Quanto ao abrandamento das exportações, o ministério de Mário Centeno considera que é o resultado, “sobretudo, do aumento da incerteza geopolítica e das tensões comerciais globais, que tem impactado em especial as maiores economias da Europa”.

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