Rangel faz pressão sobre o Governo e alerta para o perigo de incêndios

Candidato do PSD ao Parlamento Europeu sobrevoou de helicóptero a zona centro do país que foi devastada pelos incêndios de Junho e Outubro de 2017.

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Candidato do PSD visitou áreas ardidas em 2017 de helicóptero LUSA/JOÃO PORFIRIO/POOL

Em véspera da abertura da época de fogos, Paulo Rangel sobrevoou de helicóptero a região centro onde há uma extensa zona ardida em 2017 pelos incêndios de Junho e de Outubro e denunciou que “o desordenamento florestal continua a irromper”. E, salvaguardando que não quer ser pessimista, a mensagem que deixou foi a de que a tragédia que aconteceu há dois anos pode repetir-se este ano.

“Depois desta visita, verifica-se no terreno que aquilo que aparece agora aqui é justamente o pasto para eventos futuros [próprios] deste tempo”, disse o cabeça de lista do PSD às eleições europeias, no aeródromo da Lousã, onde o helicóptero aterrou no regresso da visita aérea, mostrando-se preocupado com a “mancha de eucaliptos” que tomou conta daquela zona.

Fazendo pressão sobre o Governo por, em cima da abertura da época dos fogos, estar a fazer alterações a nível da organização da protecção civil, Paulo Rangel acusou o executivo de António Costa de ter “desinvestido na protecção civil em 2017” e defendeu que isso teve relação com os fogos nesse ano e com o incêndio de 2018 em Monchique, que afirmou ser “o maior incêndio na Europa nesse ano”.

“Estamos preocupados porque uma visita global da área ardida, seja em Junho seja em 15 de Outubro, mostra que o desordenamento florestal continua a irromper e é muito evidente a mancha de eucaliptos em acção”, afirmou.

Com as temperaturas a disparar, Rangel considera oportuno alertar o Governo para “não descurar a segurança das pessoas e dos seus bens”.

Em declarações aos jornalistas, o candidato discorda do timing do Governo para fazer “alterações nas regras da protecção civil e a sua organização”. “Agora na fase pré-fogos temos uma nova organização da protecção civil que vai alterar por completo todos os comandos — nós não temos nenhuma experiência dessa organização”, avisa, mostrando-se avesso a mexidas em cima dos fogos. “Isto faz-nos lembrar o que aconteceu em 2017, ano em que houve mudanças das chefias à última hora, e desta vez não são só as chefias, é toda a organização”, vinca.

Quanto ao SIRESP [Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal] que pode vir a ser nacionalizado se as negociações com o Governo forem bem-sucedidas, o cabeça de lista do PSD dispara sobre o primeiro-ministro”, acusando-o de não pagar as dívidas ao SIRESP, “apesar de andar sempre a dizer que as contas estão em ordem”. Foi o pretexto para voltar a falar da pesada carga fiscal do Governo, que atingiu níveis históricos: 35,4% do PIB.

“Estamos a um dia da abertura da época dos fogos e estas questões estão por resolver”, denunciou, alertando para os eventuais perigos que podem resultar caso o sistema não funcione”. “Em 2017, tivemos uma experiência traumática e trágica”, sublinhou.

As preocupações de Paulo Rangel são partilhadas por Xavier Viegas, o professor cuja equipa estudou com detalhe os incêndios de Pedrógão. “A minha preocupação neste voo foi chamar a atenção para a grande extensão da área ardida e para a dificuldade que há em combater os fogos nesta zona e também da quantidade de pessoas que ficaram em risco”, declarou o responsável pelo Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, que funciona nas instalações do aeródromo da Lousã.

Questionado pelos jornalistas sobre se este ano o risco permanece, Xavier Viegas foi taxativo: “De certo modo, sim, mesmo nas áreas ardidas não se vê, infelizmente, muito trabalho na recuperação da floresta e no ordenamento do território de modo a que possamos estar descansados.” A “regeneração do eucalipto sem qualquer gestão” preocupa o professor, que teme que este “combustível” que se vai acumulando seja o rastilho para dentro de dois ou três anos haver “incêndios com grande violência”.

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