Sangue na Guelra chama a si os revolucionários da comida
Debate-se a gastronomia, cozinha-se a mudança. A edição 2019 junta especialistas e chefs nos dias 27 e 28 de Maio na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.
É a revolução que os junta. O Symposium Sangue na Guelra, fórum de debate sobre tudo o que rodeia a comida organizado por Ana Músico e Paulo Barata, está de volta para a edição de 2019 que tem como tema – ou melhor, como palavra de ordem - #gastronomia.
São dois dias – 27 e 28 de Maio – com encontro marcado para a Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, para discutir o que é urgente mudar, o que já mudou e o que aguarda ainda uma revolução.
Vai-se falar de sustentabilidade, por exemplo com o chef brasileiro César Costa, do Corrutela, em São Paulo, um espaço onde faz a moagem dos grãos para as farinhas que utiliza, e onde faz a compostagem de todo o lixo, além de usar painéis solares para garantir a energia eléctrica, o que lhe garantiu a certificação da Sustainable Restaurant Association.
Também do Brasil vem Ana Luiza Trajano, presidente do Instituto Brasil a Gosto, com um grande trabalho de pesquisa em torno dos produtos autóctones do Brasil e das técnicas utilizadas para os cozinhar. E ainda o casal Janaína e Jefferson Rueda, à frente do Bar da Dona Onça e d’ A Casa do Porco, em São Paulo, restaurantes que resgatam respectivamente “a cozinha paulistana boémia” e a carne de porco caipira.
Janaína é também responsável pelo projecto de alteração das merendas escolares em São Paulo. Um tema que, pelo lado português, será abordado por Rute Lima, da Junta de Freguesia dos Olivais, que irá explicar como é que um refeitório escolar pode ter uma alimentação saudável e introduzir alimentos biológicos.
As Chef’s Talks on #Revolution juntam no dia 27 Michele Marques da Mercearia Gadanha (Estremoz), Tiago Santos do Quorum, Artur Gomes, do Erva, Pedro Pena Bastos, do Ceia e Alexandre Silva, do Loco (estes todos em Lisboa). No segundo dia, é a vez de Henrique Sá Pessoa, do Alma, António Galapito do Prado, André Lança Cordeiro e Hugo Brito, do Boi Cavalo.
A revolução na gastronomia pode ser feita por muitos meios. Um deles é aquilo que se escreve e se fotografa, são as histórias que se escolhe contar e a forma como são contadas. O melhor exemplo de uma revista que, quando surgiu, foi uma pedrada no charco do que se fazia na imprensa dedicada à gastronomia é a Fool, cujos fundadores, Lotta e Per-Anders Jorgensen, estarão no dia 28 ao Symposium.
Outra forma de fazer mexer as coisas é através de eventos, que podem assumir um modelo mais ou menos clássico. Joe Warwick tem uma forma própria de olhar para as coisas: é autor do bestseller Where Chefs Eat e director criativo dos novos The World Restaurant Awards – uma dissidência dos The World 50 Best Restaurants, que pretende ser mais irreverente e descontraída.
Também os vinhos fazem parte da revolução: o Sangue na Guelra traz um painel #Revolução dos Vinhos Naturais, coordenado por Miguel Pires, com Silvia Mourão Bastos (Os Goliardos), o produtor Pedro Marques, do Vale da Capucha, e o sommelier Alejandro Chàvarro. Outro convidado, que terá uma palestra sobre a Eslovénia, é Valter Kramar, sommelier do Hiša Franko e marido de Ana Roš, que em 2017 foi considerada a melhor chef do mundo.
Por fim, uma figura que não tem medo do politicamente incorrecto: Rafael García Santos, crítico de gastronomia espanhol, organizador de eventos gastronómicos e homem que não usa meias palavras para dizer o que tem a dizer a cozinheiros, chefs e aos outros críticos. Para ouvir “Se vocês não o fizerem, quem o fará”, no dia 29 às 17h30.
Mas muitos outros convidados passarão pela Gare Marítima de Alcântara ao longo dos dois dias: Stefan Doeblin, do projecto Sementes Vivas, o chef Luís Simões, que virá falar sobre os sabores de Timor, Armindo Jacinto, presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, sobre o poder da política, Rui Sanches (do grupo Multifood), José Avillez e António Querido (do grupo Sea Mea), Arlene Stein, organizadora do Terroir, no Canadá, Sílvia Cruz da Makro, que irá falar da (R)evolução da Consciência Colectiva, e Luís Rodrigues, director regional das Pescas dos Açores, sobre o poder do mar.
Há ainda um espaço, o R-evolution, coordenado por Sofia Bizarro (investigadora do projecto SPLACH – Spatial Planning for Change do DINAMIA’CET do ISCTE), por onde passarão, nas palavras da organização, “projectos que se destacam pela visão, criatividade e inovação” ligados à “dinâmica urbano-rural, coesão territorial, paisagens alimentares e sistemas alimentares urbanos”.
O Sangue na Guelra 2019 tem início marcado em ambos os dias para as 9h00, com pequeno-almoço. Os bilhetes, à venda na Ticketline, custam 50€ (para um dia), 90€ (passe geral) e há desconto para estudantes de hotelaria (75€ e 35€). Em ambos os dias, entre as 13h e as 15h, realiza-se o Symposium Redux, cujo bilhete (25€) pode ser adquirido à parte.