Nunca é tarde de mais para (re) descobrir Praso
Não sendo o melhor álbum daquele que é um dos melhores rappers da história do hip-hop português, LEV não deixa de se constituir, em qualquer caso, numa bela porta de entrada para toda uma discografia à espera de ser devidamente revisitada.
Numa altura em que o hip-hop português atravessa um período de fulgor nunca antes visto, não deixa de permanecer um certo sabor amargo pelo facto de alguns nomes com muitos anos de casa passarem ao lado do vendaval que tem colocado rappers nos tops de vendas, streamings e festivais de Verão, como se, enfim, nunca tivessem existido — injustiças destas acontecem em todo o lado, já se sabe, mas a frequência não diminui o desgosto. Dissemos “muitos anos de casa”, mas dissemos mal: não interessa aqui a contagem histórica, antes o coeso e apuradíssimo sentido estético com que alguém como Praso (n. 1983) construiu alguns dos melhores (mas mal conhecidos) discos da história do hip-hop português, casos de Alma e Perfil (2009) e Caçador de Sonhos (2012). A Praso pertencem alguns dos mais belos e requintados beats ouvidos neste país, e que fazem dele, juntamente com os portuenses Virtus e Minus, o mais jazzístico produtor de hip-hop em Portugal — Qualquer Coisa e Um Pouco de Jazz, pequeno tratado de charme e tesão, tornou-se um pequeno fenómeno para toda uma geração que redescobriu no jazz banhado a rimas todo um sedutor mundo novo.
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