Banqueiros defendem multibanco pago em Portugal
António Ramalho, do Novo Banco, considerou ainda que “20 euros” não são “caros” por um cartão “que faz um conjunto de funções notável”
Os presidentes executivos do BCP, BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Novo Banco defenderam hoje, numa conferência em Cascais, que o multibanco deve ou ser pago ou ter critérios uniformes em toda a zona euro.
“Estamos na união bancária ou em Portugal? Os concorrentes são os bancos da união bancária ou são os bancos portugueses? A minha opinião não é se deve ser pago ou não deve ser pago, deve ser que na união bancária haja as mesmas regras”, disse o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, durante o CEO Banking Forum, que decorreu esta quarta-feira nas instalações da Nova SBE, em Cascais, no distrito de Lisboa.
“Se for gratuito, deve ser gratuito em toda a zona euro. Se é pago, concretamente em que todos os serviços têm um custo suportado pelo cliente, então que seja uniforme na união bancária”, defendeu Miguel Maya.
Pelo BPI, Pablo Forero interrogou-se sobre as condições de concorrência face a outras instituições bancárias internacionais: “Se alguém vem aqui fazer negócios sem investir em nenhuma caixa automática, por que têm de ser gratuitas?”.
Já Paulo Macedo, da CGD, disse que o entendimento do banco “é que se é uma questão de prestação de serviço, se o serviço tem valor, deve ser pago”, porque “não é justo achar que os trabalhadores do banco não devem ser remunerados pelo serviço que prestam”.
Por sua vez, António Ramalho, líder do Novo Banco, afirmou que “a resposta é sempre a mesma [que a dos outros presidentes executivos], não há outro racional”, e que “é muito difícil lá fora explicar que [o multibanco] é um serviço subsidiado”, uma vez que normalmente cada banco tem a sua máquina automática.
António Ramalho considerou ainda que “20 euros” não são “caros” por um cartão “que faz um conjunto de funções notável”, referindo-se a anuidades.
Na terça-feira, durante a apresentação de resultados do Santander Totta, o presidente executivo do banco, Pedro Castro e Almeida, já tinha criticado por várias vezes a isenção de encargos para os clientes do sistema multibanco.
“Aqui em Portugal temos custos de contexto interessantes, não se paga taxas nas ATM (caixas multibanco automáticas) e isso tem custos para o banco, tal como o MB Way tem custos para o banco”, afirmou Pedro Castro e Almeida, na altura.