Depois de fintar jornalistas, Rui Rio cancela agenda e mantém silêncio
Depois de mudar o local da reunião da comissão política, líder do PSD cancelou presença em evento de juventude.
De manhã, Rui Rio fintou os jornalistas, no Porto. À tarde, cancelou presença em encontro com jovens, em Rio Tinto. Já passaram 24 horas desde que António Costa ameaçou demitir-se, após ter reunido com o seu núcleo duro e com o Presidente da República, e ainda não se ouvir uma palavra da parte do líder do PSD. O silêncio deverá manter-se agora que Rio cancelou a agenda desta tarde, de acordo com informação prestada pelo partido por e-mail.
O anúncio da reunião da comissão política, que de acordo com a RTP se realizaria este sábado de manhã na sede do PSD-Porto, levou vários jornalistas e profissionais da comunicação social para a porta daquela estrutura, inutilmente. Afinal, o encontro estava a decorrer noutro local. Apesar de a convocatória oficial para esta reunião, assim como a sua ordem de trabalhos, não ter sido divulgada à imprensa, as câmaras de televisão chegaram a estar montadas no interior da sede, para captar as palavras do líder social-democrata.
Não é a primeira vez que Rui Rio muda, em cima da hora, o local escolhido para uma iniciativa partidária. A apresentação da sua candidatura ao PSD, por exemplo, chegou a estar prevista para Coimbra, mas depois de a imprensa ter dado conta disso, mudou para Aveiro.
Nas actuais circunstâncias, esta estratégia de Rio é especialmente relevante porque o líder do PSD ainda nada disse após a declaração de António Costa ao país. O líder do PSD mantém-se em silêncio desde a manhã de sexta-feira, quando já havia indícios de que uma ameaça de demissão estaria no horizonte do executivo. Nessa altura, Rio acusou o primeiro-ministro de estar a fazer um teatro sem consequências nenhumas. Depois disso, só uma deputada do partido comentou, oficialmente, a crise política: Margarida Mano, da comissão parlamentar de Educação e Ciência, onde na quinta-feira foi aprovada a recuperação integral do tempo de serviço congelado para os professores.
“O primeiro-ministro mentiu deliberadamente relativamente a vários pontos”, disse Margarida Mano. “É falso que o tempo todo de serviço não tivesse sido assumido pelo Governo”. A deputada garantiu ainda que esta mudança não terá qualquer impacto orçamental adicional nas contas do actual Governo.
“Os números que estão em cima da mesa são os números que estavam previstos no diploma”, assegurou a ex-ministra da Educação, acrescentando que “não há qualquer impacto financeiro” para já, uma vez que a recuperação dos restantes seis anos e meio que agora passaram a estar previstos depende de negociações entre o próximo executivo e os sindicatos.
Margarida Mano criticou ainda António Costa por “ameaçar a demissão com base num valor que não é conhecido e que dependerá no próximo Governo”. Com Lusa
Notícia actualizada às 16h30 com informação sobre o cancelamento da agenda do líder do PSD.