Portugal quer “diálogo constante”, China defende mais cooperação “em todos os sectores”
Durante a visita de Estado do Presidente português à China, os dois países formalizam um novo patamar nas relações bilaterais, que passa por um “diálogo estratégico”. Marcelo Rebelo de Sousa defende que há um “estreitamento das relações políticas”.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, considerou nesta segunda-feira que o relacionamento luso-chinês “tem avançado sem sobressaltos” e afirmou que a China está disposta a reforçar a cooperação bilateral com Portugal “em todos os sectores”. As declarações foram feitas no início de um encontro com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que começou nesta segunda-feira a visita de Estado de três dias à República Popular da China.
“A China e Portugal são importantes parceiros de cooperação e temos salvaguardado o multilateralismo e o comércio livre. O relacionamento bilateral tem avançado sem sobressaltos e a parte chinesa está disposta a reforçar a nossa cooperação em todos os sectores”, afirmou. Li Keqiang falava na residência oficial Diaoyutai, em Pequim, num encontro que durou cerca de meia hora.
A República Popular da China quer “estreitar ainda mais” o relacionamento luso-chinês, também “no quadro da cooperação China com a União Europeia e entre a China e os países de língua portuguesa”, referiu. “Acredito que a sua visita vai injectar um novo ímpeto à relação bilateral”, acrescentou o primeiro-ministro chinês, numa breve declaração inicial, com tradução simultânea, que a comunicação social pôde registar.
Marcelo destaca “estreitamento das relações políticas”, com “diálogo constante"
Em resposta, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou nesta segunda-feira o “estreitamento das relações políticas” entre Portugal e a China, com a passagem “da parceria estratégica para um diálogo constante”, através de um memorando de entendimento.
Nas suas declarações iniciais, registadas pela comunicação social, o chefe de Estado referiu-se ao “memorando de entendimento para o reforço do diálogo estratégico entre Portugal e a República Popular da China”, que vai ser formalizado na tarde desta segunda-feira, no Grande Palácio do Povo, onde será recebido pelo Presidente chinês, Xi Jinping.
Esse instrumento representa “um passo mais no estreitamento das relações políticas, passando da parceria estratégica para um diálogo constante comum”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Com este memorando, os dois países acordam em proceder a consultas políticas regulares sobre temas bilaterais e de política internacional e em aumentar os contactos entre as autoridades governativas, com visitas mútuas, uma vez por ano, ora na China, ora em Portugal, ao nível dos ministros Negócios Estrangeiros.
Relações luso-chinesas sobem de patamar político com contactos anuais
Portugal e a China formalizam nesta segunda-feira, através de um memorando de entendimento, um novo patamar nas relações bilaterais, que passam da parceria estabelecida em 2005 para um “diálogo estratégico”, com contactos anuais.
O “memorando de entendimento sobre diálogo estratégico entre Portugal e a República Popular da China” vai ser formalizado esta segunda-feira no Grande Palácio do Povo, em Pequim, onde o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, será recebido pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, confirmou à Lusa fonte diplomática.
O relacionamento de Portugal com a China passa da actual “parceria estratégica” assinada em 2005 para o patamar da França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos da América, referiu a mesma fonte diplomática.
À chegada à China, na sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa fez alusão a este novo patamar político nas relações luso-chinesas, referindo que estava em curso “um salto qualitativo em termos bilaterais” e que Portugal passaria para o mesmo “nível de potências mundiais ou de países de grande afirmação europeia”.
“É o salto qualitativo que é dado durante esta visita, passando de um memorando, que já é do ponto de vista de parceria estratégica muito importante, agora no plano bilateral para mais do que isso”, afirmou.
Em declarações feitas na Grande Muralha, ao norte de Pequim, o chefe de Estado acrescentou que Portugal passava assim a ter com a China “um relacionamento político ao nível de países como a França, como o Reino Unido, como os Estados Unidos da América”.
Já quando recebeu Xi Jinping em Lisboa, no início de Dezembro do ano passado, o Presidente português tinha falado na vontade de “continuar a construir” a parceria entre Portugal e a China “com diálogo político regular e contínuo”.
Na actual legislatura, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, teve uma curta reunião com o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, durante uma escala na Base das Lajes, nos Açores, em Setembro de 2016, e no mês seguinte o primeiro-ministro português, António Costa, visitou a China.
Em Julho de 2017, o então presidente do comité permanente da Assembleia Popular Nacional da República Popular da China, Zhang Dejiang, esteve em Lisboa, onde os dois parlamentos assinaram um memorando de entendimento.
Em 2018, houve visitas recíprocas dos ministros dos Negócios Estrangeiros, em Maio e Outubro, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, à China, em Novembro, e do Presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal, em Dezembro.