Motoristas de matérias perigosas ameaçam com nova greve

Sindicato põe em causa paz social logo à saída da primeira reunião, contra aquilo que estava assinado no memorando que pôs fim á greve antes da Páscoa. E fez um ultimato: dentro de sete dias, altura para a qual está marcada nova ronda negocial, pode ser convocada nova greve.

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Rui Gaudencio

A primeira reunião entre o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e a Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) que decorreu nas instalações do Ministério das Infraestruturas e da Habitação não decorreu da melhor maneira.  À saída da reunião, o vice-presidente do sindicato, Pedro Pardal Henriques, acusou a Antram de “andar a brincar com coisas sérias”, e voltou a pôr a hipótese de greve em cima da mesa.

“A Antram conhece as nossas reivindicações. Chegar aqui a dizer que não estava preparado para lhes responder não é uma atitude séria. Marcámos nova reunião para o dia 7 de Maio, e logo veremos, consoante o que aqui nos trouxerem, se discutimos ou não novas formas de luta”, disse aos jornalistas, no final da reunião desta segunda-feira, o dirigente que é também  advogado do sindicato.

Ricardo Lopes
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Inês Fernandes
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Esta reunião foi marcada na sequência da greve protagonizada pelos motoristas afectos a este sindicato, e que quase paralisou o país na semana antes da Páscoa. A mediação do Governo permitiu levantar a greve, com a assinatura de um memorando negocial, no qual as partes se comprometeram a chegar a um acordo até 31 de Dezembro, e que impunha, por exemplo, que o clima de paz social se mantivesse até ao seu término.

O SNMMP estabeleceu agora um novo prazo, e diz que caso a associação não se pronuncie na reunião do dia 7 de Maio, os trabalhadores vão utilizar “todos os mecanismos” de que dispõem, em especial, e “muito provavelmente”, uma nova paralisação, assegurou Pedro Pardal Henriques, o assessor jurídico do sindicato.

No final da reunião, o Governo, que se fez representar pelo advogado Guilherme Dray, não fez declarações. Já o representante da Antram, o vice-presidente Pedro Polónio, disse que na próxima reunião a associação patronal levará algumas propostas para a discussão. Polónio recordou que o acordo deverá ser atingido até ao final do ano, e que não seria na primeira semana que se deveriam fazer exigências para ter respostas no imediato.

O dirigente da Antram discorda do sindicato quando este diz que o caderno reivindicativo já era conhecido dos patrões, alegando que ela a primeira vez que a associação os estava a ver. Pedro Polónio recordou que a Antram conseguiu chegar a um acordo com a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) para assinar um contrato colectivo de trabalho e que há um acordo com a Fectrans para rever esse contrato. “Vamos agora ouvir as posições do SNMMP e também do Sindicato Nacional dos Motoristas de Mercadorias, que também nos contactou nesse sentido. Porque na nossa actividade não fazemos nada sem motoristas. Mas não se negocia nada sob pressão. O contrato colectivo de trabalho resultou de um esforço depois de 20 anos sem acordo nessa matéria”, recordou.

Relativamente às reivindicações dos motoristas de matérias perigosas, a Antram diz que vai agora ouvir os seus associados e maturar algumas ideias, e levará respostas para a próxima reunião. Entre as reivindicações dos motoristas de matérias perigosas está um salário de 1200 euros, um subsídio de 240 euros e a redução da idade de reforma.

Ao PÚBLICO, José Manuel Oliveira, presidente da Fectrans, confirmou que decorre do acordo assinado fazer uma revisão periódica. E que a primeira reunião para essa revisão já esta marcada para o mês de Maio. “Não sabemos se a Antram quer alargar as mesas de negociações aos outros sindicatos, ou se vai fazer essas negociações individualmente”, afirmou, recordando que a Fectrans integra o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP) e o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).

A Fectrans chegou a ter reuniões com os trabalhadores dos transportes de mercadorias ainda quando estes era uma associação e ainda não tinham um sindicato constituído. E José Manuel Oliveira limitou-se a afirmar que são todos motoristas de pesados.