BE responsabiliza “forças da social-democracia” pela entrada da extrema-direita na Europa

A eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, acusa o CDS-PP de branquear a imagem política do partido espanhol Vox e responsabiliza as forças de direita pela entrada da extrema-direita na Europa.

Foto
Marisa Matias e Catarina Martins este fim de semana no Porto ESTELA SILVA / LUSA

Para algumas pessoas, o Vox não constitui uma ameaça. Ainda hoje [domingo] li as palavras de Nuno Melo que não fez mais do que branquear a imagem política do Vox. Eu não me confundo. Partidos que defendem que se volte a agredir as mulheres sem punição, partidos que defendem uma agenda racista, xenófoba e que defendem os valores do fascismo, esses partidos não podem caber na democracia, defendeu a eurodeputada do Bloco de Esquerda​ Marisa Matias.

Não branqueamos o fascismo. Não branqueamos o fascismo, sublinhou. Em entrevista à Lusa, o cabeça de lista do CDS-PP às europeias, Nuno Melo, disse este domingo que o partido espanhol Vox não é um partido de extrema-direita, admitindo até que ele venha a integrar a mesma família política europeia que CDS e PSD.

Para o eurodeputado e vice-presidente do CDS-PP, 90% do que está no programa do Vox encontra-se no [programa do] PP, tal como nos Cidadãos encontra muito do PSOE e do PP.

Para a bloquista, que falava no comício do partido no Porto, há apenas uma dimensão correcta naquilo que foi dito por Nuno Melo, neste caso, o facto de o partido espanhol Vox ser uma criação do Partido Popular Europeu (PPE) “onde está o PSD e o CDS.

Sim, é verdade. O Vox, como a generalidade da extrema-direita na União Europeia, infelizmente são criações das forças de direita e até das forças do centro-esquerda, que abriram o espaço à legitimação da agenda da extrema-direita quando deixaram criar as narrativas de ameaça quando falamos de imigração, de insegurança quando falamos de refugiados, considerou.

Sim, é verdade, foram forças da social-democracia e do Partido Popular Europeu que abriram as portas à extrema-direita quando aplicaram as políticas de austeridade e disseram que não havia alternativa. Sim, ajudaram a criar esse vazio que deu azo ao crescimento da extrema-direita, continuou.

A candidata do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu avisou ainda que não há sociedades imunes a estas forças disfarçadas de democratas, mas portadoras dos fantasmas fascistas, basta ver o que está a acontecer hoje em Espanha”.

Estas forças que já ocupam espaço em 10 países da União Europeia, seja enquanto governo, seja em coligação, dizia-se que nunca chegariam aqui ao lado, ao Estado espanhol, e que dificilmente chegam a Portugal. Veremos de que forma estão a chegar a Espanha e lutaremos para que nunca cheguem a Portugal, concluiu.