Sócrates afirma que Sérgio Moro foi juiz “indigno” e é político “medíocre”
Continua a troca de acusações entre o antigo primeiro-ministro português e o ministro da Justiça Brasileiro.
O antigo primeiro-ministro José Sócrates acusou nesta quarta-feira o ministro brasileiro da Justiça, Sérgio Moro, de ter sido um juiz “indigno” e de ser um político “medíocre” e uma pessoa “lamentável”, considerando que desrespeita “princípios básicos do Direito”.
Este ataque consta de uma nota enviada à agência Lusa pelo antigo líder dos socialistas portugueses e surge na sequência de uma polémica originada por declarações proferidas na segunda-feira, em Lisboa, pelo ministro brasileiro, que, enquanto juiz, foi responsável pela Operação Lava Jato e pela prisão do antigo chefe de Estado do Brasil Lula da Silva.
Na segunda-feira, Sérgio Moro identificou uma dificuldade institucional, tanto no Brasil, como em Portugal, no sentido de a justiça fazer avançar processos de corrupção contra individualidades políticas, como o antigo primeiro-ministro português.
José Sócrates reagiu poucas horas depois, caracterizando Sérgio Moro como "um activista político disfarçado de juiz".
Confrontado com esta acusação de José Sócrates, o ministro brasileiro da Justiça e da Segurança Pública respondeu: “Não debato com criminosos".
Para José Sócrates, esta polémica com Sérgio Moro tem apenas “um mérito”.
“As palavras [por ele] produzidas confirmam o que já se sabia do personagem: Como juiz, indigno; como político, medíocre; como pessoa, lamentável”, apontou o antigo primeiro-ministro português entre 2005 e 2011.
Na nota enviada à agência Lusa, José Sócrates considera que “é impossível ler a declaração do ministro da Justiça brasileiro sem um esgar de repugnância”.
“Ela põe em causa os princípios básicos do direito e da decência democrática. Não, nunca cometi nenhum crime nem fui condenado por nenhum crime. Não posso aceitar ser condenado sem julgamento, muito menos por autoridades brasileiras”, escreve.
Na Europa, segundo o antigo secretário-geral do PS, conhece-se bem “o ovo da serpente”, assim como “o significado das palavras de agressão, de insulto e de violência política”.
“Conhecemos o significado dos discursos governamentais que celebram golpes militares, defendem a tortura e recomendam o banimento dos adversários políticos”, referiu também José Sócrates, aqui numa alusão à extrema-direita brasileira.
Já num recado destinada a meios políticos nacionais, José Sócrates adverte que se conhece igualmente “o significado do silêncio daqueles que assistem a tudo isto como se nada fosse com eles”.