Beyoncé “voltou a casa” no Netflix

HOMECOMING é o filme-concerto que regista a actuação do ano passado de Beyoncé no festival de Coachella.

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Beyoncé vestida da rainha egípcia Nefertiti no filme-concerto do Netflix Netflix

Em Abril de 2018, Beyoncé tornou-se a primeira mulher negra a ser cabeça de cartaz no festival californiano de música Coachella. Era para ter acontecido no ano anterior, mas uma gravidez inesperada furou-lhe os planos. O carácter pioneiro da cantora, apontado não só com orgulho, mas também com alguma incredulidade, é um contexto triste, mas dá uma carga histórica ao evento.

Ao longo de dois sábados consecutivos, Beyoncé Knowles, um dos maiores nomes do r&b e da pop desfilou pelas canções da sua carreira, acompanhada pelo marido, Jay-Z, a irmã, Solange, ou as ex-colegas das Destiny’s Child, Kelly Rowland e Michelle Williams, isto além de inúmeros bailarinos, músicos e uma equipa enorme, numa produção monumental pensada e coreografada ao pormenor.

Tudo isso pode agora ser visto no filme-concerto HOMECOMING​, que capta a primeira noite de concertos, disponível desde esta quarta-feira no Netflix e que conta com duas horas e 17 minutos de imagens alternadas – algumas da segunda noite –, bem como filmagens de bastidores e dos vários meses de preparação e ensaios. São filmagens captadas em vários ângulos e formatos diferentes, de câmaras profissionais a telemóveis.

HOMECOMING​​ foi realizado e escrito pela própria. Tal como em Life is but a dream, o documentário da HBO saído em 2013, não se esperem grandes revelações sobre a cantora. O filme já tinha sido anunciado no início do mês, mas Beyoncé tem-se destacado, nos últimos anos, por lançamentos surpresa e, por isso, houve também uma novidade: um álbum ao vivo, que tem momentos cortados, como o dueto com o fenómeno do reggaetón colombiano.

Os músicos e dançarinos que a acompanham foram recrutados em parte de universidades que historicamente têm uma maioria de alunos negros. A ideia dos espectáculos era celebrar a cultura afro-americana, o que tem o seu culminar na interpretação de Lift ev’ry voice and sing, uma canção do início do século XX escrita pelos irmãos James Weldon e John Rosamond Johnson que é conhecido como o “hino nacional negro” dos Estados Unidos. Não se fica por aí. Seja em palco ou nos interlúdios de bastidores, ouvem-se ou lêem-se citações de Malcolm X, Nina Simone – cuja Lilac wine é samplada a meio de Drunk in love – ou Audre Lorde, bem como vozes contemporâneas, tais como a actriz Tessa Thompson, a actriz e dramaturga Danai Gurira ou a escritora Chimamanda Ngozi Adichie, a quem Beyoncé deu um palco com ***Flawless. As inúmeras mudas de roupa, a cargo de Olivier Rousteing, incluem vestidos da rainha egípcia Nefertiti.

Fora do palco, as imagens incluem um aniversário de Beyoncé, com os colaboradores a cantarem-lhe os parabéns, a presença de Jay-Z e de Rumi e de Sir Carter, os filhos gémeos de ambos, e também de Blue Ivy, a filha mais velha, a cantar. Também ouvimos bailarinos a falarem da importância que as já mencionadas universidade negras têm na vida das famílias afro-americanas, bem como da relevância da festa “homecoming”, que dá nome ao filme e é uma das peças centrais dessa vivência universitária. 

O filme é lançado enquanto a edição de 2019 do festival está a decorrer. Não é o único registo audiovisual que ficou disponível nesta semana. Além do livestream de alguns dos maiores concertos, que costuma estar ainda acessível algum tempo depois, como aliás aconteceu com esta actuação, um dos artistas do cartaz deste ano lançou um filme em simultâneo com a sua actuação. Num serviço de streaming rival, o Amazon Prime Video – que tem, aliás, uma série chamada Homecoming –, Childish Gambino, o alter-ego musical de Donald Glover, o criador da série Atlanta, protagonizou, ao lado de Rihanna, Guava Island, uma média metragem musical realizada por Hiro Murai e escrita pelo seu irmão Stephen Glover. Teve estreia no festival antes de chegar à Internet, onde passou gratuitamente no sábado e agora está disponível na Amazon. Rodado em Cuba, é uma fábula musical numa ilha paradisíaca fictícia chamada Guava e, apesar de ter Rihanna no elenco, só Glover é que canta, mostrando canções inéditas e dando um novo contexto ao fenómeno This is America.

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