Só há 5 mil euros para fiscalizar contas dos partidos durante a campanha das europeias
As iniciativas da campanha eleitoral são fiscalizadas para se saber se as despesas e receitas que os partidos comunicam são efectivamente cumpridas.
A Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) vai fiscalizar as acções e meios das candidaturas na campanha eleitoral das europeias recorrendo “à prata da casa” e centrada nos distritos de Lisboa e Porto.
Com um orçamento de cinco mil euros para a monitorização das eleições europeias, a ECFP vai contar com os próprios funcionários e contratar apenas cinco elementos externos para andarem no terreno durante o período de campanha, entre 13 e 24 de Maio, a recolher dados sobre os meios utilizados pelas candidaturas.
“Iremos a alguns eventos com a prata da casa e alguns jovens que vamos recrutar. Na campanha haverá uma fiscalização mais intensa, mais directa, centrada em Lisboa e no Porto, com pessoas da nossa equipa e alguns estudantes que iremos contratar para fazer o levantamento” dos meios das campanhas, disse à Lusa o presidente da Entidade das Contas, Eduardo Figueiredo Dias.
As acções de monitorização abrangerão “todos os partidos e coligações eleitorais” concorrentes, adiantou. Os registos recolhidos no terreno sobre o número de pessoas nas iniciativas, almoços e comícios, meios de pagamento usados, o material de campanha usado (como bandeiras e lonas) e distribuído (como brindes, panfletos, autocolantes) e das empresas que fornecem os serviços serão entregues à ECFP que fará o cruzamento dos dados com a informação entregue pelas candidaturas.
Este trabalho, que inclui entrevistas aos mandatários financeiros nacionais, directores de campanha e outros “actores privilegiados” na organização das campanhas, visa determinar se os gastos declarados na campanha eleitoral correspondem às despesas efectivamente realizadas e se foi respeitado o limite legal de despesas.
Nestas eleições, os partidos e coligações concorrentes vão poder gastar até cerca de três milhões de euros cada um na campanha eleitoral, devendo os orçamentos ser entregues até esta segunda-feira, dia 15.
A lei prevê que o limite máximo de despesas seja de 300 vezes o valor do Indexante dos Apoios Sociais por cada candidato apresentado, com uma redução de 20%, fixando assim para 21 candidatos efectivos e o máximo de oito suplentes um tecto de 3.032.889 euros.
O orçamento da ECFP para as acções de monitorização dos meios envolvidos na campanha das europeias, de cinco mil euros, é bastante inferior ao que será atribuído para a fiscalização da campanha das legislativas de Outubro, de 20 mil euros.
Em Outubro, depois de conhecer o envelope financeiro que o Orçamento do Estado destinava à entidade - sem aumento em relação a 2018 -, o presidente tornou pública uma posição crítica em que afirmava que este ano se manteria o “estrangulamento financeiro” daquele órgão, especialmente por 2019 se tratar de um ano com três eleições - europeias, regionais da Madeira e legislativas - além de agora ter competências acrescidas na fiscalização das contas dos partidos e campanhas eleitorais.
As acções de monitorização foram realizadas pela primeira vez nas eleições de 2005, e decorrem da lei que entrou em vigor naquele ano, que criou a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos. A EFCP pode requisitar ou contratar serviços de peritos ou técnicos qualificados em matéria de actividade partidária e campanhas eleitorais para a habilitar na fiscalização das contas.