Finlandeses vão a votos e sondagens prevêem mudança
Sociais-democratas estão à frente depois de campanha focada na segurança social, reforma da saúde e no aquecimento global.
O primeiro-ministro finlandês, o liberal Juha Sipilä, enfrenta este domingo nas urnas um forte desafio do Partido Social-Democrata, de centro-esquerda, que nas sondagens parece ter recuperado do seu pior resultado, em 2015, para aparecer agora como favorito.
A campanha foi marcada pela discussão sobre a segurança social do país, com os sociais-democratas a prometerem manter o sistema forte, mesmo que para isso seja preciso subir impostos.
“Depois de um período caracterizado por decisões muito pouco populares, incluindo cortes na educação e subsídios de desemprego, a maioria dos finlandeses parecem querer ter a certeza de que não vai haver mais cortes que afectem a sua vida do dia-a-dia”, disse ao site Politico o professor de Ciência Política Thomas Karv, da Universidade de Abo.
O primeiro-ministro, que liderava uma coligação com dissidentes do Partido dos Finlandeses (extrema-direita), e a Coligação Nacional (centro-direita), está a ser castigado pela tentativa de reformar o sistema de segurança social e saúde com mais abertura a privados, tendo acabado por antecipar as eleições depois de não conseguir aprovar uma reforma da saúde.
Se por um lado o Partido Social-Democrata de Antti Rinne é tido como o vencedor anunciado, as sondagens não lhe dão mais de 20%, e não é claro com quem poderá ter uma maioria para governar.
A fragmentação vai ser notória: pela primeira vez haverá cinco grandes partidos, disse à Euronews o professor de Economia Política Antti Ronkainen, da Universidade de Helsínquia. Tradicionalmente, havia três.
Além do Partido do Centro de Sipilä, liberal, do Social-Democrata e da Coligação Nacional, há o Partido dos Finlandeses, que se espera que fique em segundo lugar, o Reforma Azul, de dissidentes do partido de extrema-direita que participavam no Governo com Sipilä, e ainda a Liga Verde.
O partido ecologista ganhou importância com o crescente foco nas alterações climáticas na Finlândia, um foco que “não tem a ver com experiências pessoais”, nota Janne Tukiainen, professor de Ciência Política na London School of Economics, também à Euronews. “As pessoas em geral têm informação e o relatório [do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas segundo o qual há apenas 12 anos para evitar uma catástrofe climática] foi uma enorme chamada de atenção”.
Quanto à composição do próximo Governo, uma coisa é certa: “Nenhum dos vencedores vai querer trabalhar com o Partido dos Finlandeses”, diz Ronkainen. “Mas vamos ver se isso é possível depois das eleições.”