Maria Beraldo, entre a tensão e o tesão
Cavala, o álbum de estreia a solo da compositora, cantora e clarinetista brasileira, é “o grito de liberdade de uma mulher lésbica”. Porque ainda é preciso gritar bem alto. “Há mulheres que estão a ser mortas por serem lésbicas”, diz. A tour de apresentação do disco em Portugal arranca este sábado, no festival Tremor.
Nuns sintéticos mas intensos dois minutos, Maria Beraldo diz tudo o que tem a dizer. Voz vagarosa e húmida que vence o medo, voz melíflua que se espreguiça e desliza de prazer. “Pai, gosto muito dos homens, sim/ De tê-los ao alcance da boca, sim/ Mas no calor da manhã quem me fez delirar foi uma mulher/ Como é minha mãe.” Simultaneamente um coming out e um hino lésbico (falar de pais e sexo nas mesmas frases raramente resulta tão bem), Amor Verdade é a canção que condensa o manifesto de Cavala, o primeiro álbum a solo da compositora, cantora, clarinetista e multi-instrumentista brasileira. É “o grito de liberdade de uma mulher lésbica”, é Maria Beraldo a encontrar-se. Finalmente. “Fiz a Amor Verdade depois de ter falado para os meus pais que sou lésbica. Quis revisitar essa sensação com um pouco mais de prazer e menos dor”, conta a autora ao Ípsilon. “Descobrir que estava reprimida e finalmente encontrar o meu prazer é um triunfo.”
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