Empresa que fazia as bicicletas Gira não foi informada da rescisão de contrato com a EMEL
A EMEL rescindiu esta quinta-feira o contrato com a Órbita, alegando “sucessivos incumprimentos contratuais” que resultaram em sanções de 5,3 milhões de euros. A empresa e bicicletas afirma não ter sido informada e critica a “ordem de prioridades” da empresa lisboeta.
A Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), entidade que gere a rede Gira, anunciou esta quarta-feira o lançamento de “um novo concurso para a expansão, operação e manutenção” do sistema e também a rescisão do contrato com a Órbita, que ganhou o primeiro concurso e foi responsável pela introdução das Gira em Lisboa.
No entanto, a empresa de bicicletas garante não ter recebido nenhuma comunicação formal por parte da EMEL a informar que o contrato de Aquisição, Implementação e Operação do Sistema de Bicicletas Públicas Partilhadas de Lisboa terminaria.
Há muitos meses que a rede vinha evidenciando vários problemas. A EMEL chegou a afirmar publicamente que estes problemas eram culpa da Órbita, mas a fabricante de bicicletas nunca se pronunciou sobre o assunto.
Em comunicado enviado esta quarta-feira às redacções, a EMEL diz que houve “sucessivos incumprimentos contratuais por parte da Órbita” e que, desde Dezembro de 2017, data do primeiro problema, aplicou “penalidades contratuais” no valor de 5,3 milhões de euros. “Desde Maio de 2018, as falhas da Órbita foram-se somando, tendo nos últimos oito meses a empresa revelado total incapacidade para prestar o serviço contratualizado”, acusa a EMEL.
Agora, também em comunicado enviado às redacções, a Órbita reconhece que existem problemas na conclusão do projecto das GIRA e na sua operação. "Assumimos a nossa quota-parte de responsabilidade, mas jamais aceitaremos ser o bode expiatório de um problema que tem mais responsáveis e é mais complexo do que transparece”, afirma a empresa.
A Órbita afirma ter elaborado uma proposta formal de resolução do problema que “garante a conclusão do projecto em curto espaço de tempo e passa pela substituição da empresa subcontratada pela Órbita para proceder à operação logística do sistema e à reparação das bicicletas, cujo fraco desempenho foi motivo de insatisfação para todas as partes envolvida”.
A empresa de bicicletas de Águeda critica a ordem de prioridades da EMEL e afirma que esta nova solução era do conhecimento da EMEL, que participou activamente nas negociações.
A Órbita afirma ainda que a rede de bicicletas foi muito bem acolhida pelos utilizadores e que é é “um sistema criado por uma pequena empresa portuguesa, numa fase difícil dos seus mais de 48 anos de existência, em parceria com um conjunto de fornecedores dedicados, quase todos nacionais”, refere no comunicado.