Weyes Blood tirou Leonardo DiCaprio da parede
Belíssimo álbum de fragrância clássica, Titanic Rising é Weyes Blood a lidar com a traição dos filmes de Hollywood e com um mundo carregado de decepções. Através de uma nostalgia radiosa – de quem quer avisar-se lá atrás daquilo que o futuro lhe reserva.
Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, os braços dele segurando-a, enquanto ela se deixa ir de olhos fechados na proa de um navio desmesurado, um par romântico a caminho da tragédia – e o que mais romântico há, afinal, do que a tragédia que se abate sobre um par de amantes separados pela morte, uma morte que pouco pode contra um amor tão desmesurado quanto o próprio navio. A cena que foi e é repetida até à exaustão em todo o tipo de ecrãs, havia de fazer com que o rosto de DiCaprio passasse a adornar quartos de adolescentes por todo o mundo, convictas/os de que o amor era aquela coisa inquebrantável e idílica, aquele elo entre dois seres que, mesmo se arrastado para o fundo do mar, sobrevivia num qualquer plano para lá da fisicalidade. E depois vinha ainda a voz de Céline Dion bradando My heart will go on, garantindo que o coração, motor da vida, havia de continuar a bater alimentado por esse amor que se recusava a afundar.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.