Sabrina, a crónica de uma imensa solidão — ou como viver a dor privada na era da Internet

Nick Drnaso, 29 anos: a sua novela gráfica transformou-se num fenómeno literário e chegou à shortlist do Booker Prize em 2018. Agora editado em Portugal, Sabrina começa com o desaparecimento de uma mulher para se transformar num relato da devastação da solidão. De como hoje se sofre: sozinho em rede. Uma conversa em Chicago com o autor sobre uma quase autobiografia feita a partir do seu próprio trauma.

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Nick Drnaso cresceu em Palos Hills, subúrbio de Chicago. Um solitário na adolescência, só muito depois seria capaz de falar do que lhe aconteceu, os abusos sexuais a que foi sujeito por um vizinho, a depressão que se instalou, a paranóia Chester Alamo-Costello

Nick Drnaso duvida que o seu livro mereça o destaque de que está a ser alvo. Não é uma pose. Basta ouvi-lo, vê-lo, enquanto fala, o modo como esconde o olhar, como leva à boca a caneca cheia de água, como sorri, nervoso, sem descolar os lábios; como hesita e mexe as mãos tentando escondê-las e nesse gesto lhe sobram os dedos — não sabe o que lhes fazer.

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