CDS quer saber quantos idosos vivem sozinhos e se autarquias têm respostas
Partido enviou questões a 277 câmaras municipais. Quer saber se as autarquias dão algum tipo de apoio e que protocolos têm com outras entidades para dar resposta às necessidades dos idosos.
O CDS quer saber quantos idosos moram sozinhos, quantos estão isolados e se nos locais onde residem existem estruturas, como lares e apoio domiciliário, para responder às necessidades. Um retrato que espera conseguir através do requerimento que enviou a 277 câmaras municipais durante Março e no início deste mês. Já receberam seis respostas.
No requerimento, os centristas perguntam se os idosos que vivem sozinhos e/ou isolados nos respectivos concelhos estão sinalizados. E se sim, quantos são. Querem também saber se as autarquias lhes dão algum tipo de apoio e que protocolos têm com outras entidades.
“Um dos temas que temos seguido é o do envelhecimento da população. Se olharmos para o histórico e para o que possivelmente aí vem, sabemos que do ponto de vista da segurança social e da saúde esta questão será completamente estruturante. Para nós, este trabalho é uma espécie de raio X que esperamos conseguir fazer de forma a percebermos para onde temos de dirigir o foco”, disse ao PÚBLICO Pedro Mota Soares, ex-ministro da Solidariedade, Trabalho e Segurança Social e um dos autores dos requerimentos.
Nas perguntas enviadas, o CDS recorda que em 2017 o país tinha 156 idosos por cada 100 jovens e os resultados do último Censos Sénior realizado pela GNR (dados relativos a 2018): “45.563 idosos que vivem sozinhos e/ou isolados ou em situação de vulnerabilidade devido à sua condição física, psicológica, ou outra que possa colocar a sua segurança em causa”.
“Muitos destes idosos são pessoas que, devido à sua especial susceptibilidade, necessitam de uma protecção especial e reforçada, quer seja em termos sociais, económicos, de saúde ou de justiça”, lê-se ainda no requerimento.
O prazo que as autarquias têm para responder é de 30 dias e as primeiras respostas já chegaram. “Ainda são dados iniciais, mas já dá para ter uma indicação: há uma clara preocupação das autarquias com o assunto”, apontou o deputado. Das seis câmaras cujas respostas já estão disponíveis na Assembleia da República, todas elas dizem ter sinalizados os idosos que vivem sozinhos e/ou isolados. Muitas têm protocolos com outras entidades, assim como projectos próprios de apoio aos idosos.
Em Águeda, por exemplo, foi criada a Comissão de Protecção ao Idoso que “promove acções de sensibilização” para promover comportamentos de segurança e reduzir o risco de crime, explicou a autarquia. Já a autarquia de Vieira do Minho criou o serviço de proximidade A Câmara Perto de Si, uma unidade móvel que todas as semanas percorre as freguesias do concelho para ajudar na prestação de cuidados de saúde e em tarefas como pagar água ou luz.
Mais procura do que oferta
Todas as câmaras assumem que os lares e outras estruturas residências têm mais procura do que oferta. “O CDS defende que a resposta não pode ser a institucionalização — tem de haver resposta de apoio domiciliário para que os idosos possam manter os seus laços familiares e de vizinhança —, mas percebemos que a partir de determinado momento os lares são importantes. É importante perceber a dimensão efectiva da pressão social que existe”, salientou Pedro Mota Soares.
“Desde os anos 1960 até hoje, a esperança média de vida aumentou 20 anos. É muito positivo e reflecte a capacidade das respostas de saúde e sociais, mas coloca um enorme desafio futuro. O que o CDS tenta é dar uma resposta agregada para responder a este desafio. O envolvimento das autarquias, na lógica da proximidade, é fundamental”, considerou o deputado.