“É mais fácil caluniar do que alguém se defender da calúnia”, diz Carlos César

Primo do presidente do PS foi nomeado para a administração da NAV, revelou a Sábado. Carlos César diz que é um primo em quinto grau.

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Carlos César Nuno Ferreira Santos

As revelações sobre familiares de membros do Governo nomeados para cargos em empresas públicas continuam a surgir. Nesta segunda-feira a revista Sábado tornou público que um primo pelo lado materno de Carlos César foi nomeado, em Junho de 2016, pelo executivo socialista, para a administração da empresa pública Navegação Aérea de Portugal (NAV), conforme consta na Resolução 24/2016, publicada a 3 de Agosto na II série do Diário da República. O presidente e líder parlamentar do PS fez entretanto saber que é apenas primo em 5.º grau do administrador em causa e que nada teve a ver com a sua nomeação de Francisco César Ramos Fernandes Gil, que foi ratificada pelo primeiro-ministro António Costa, depois de proposta pelos ministros das Finanças e do Planeamento e das Infra-estruturas, respectivamente, Mário Centeno e Pedro Marques (actual cabeça de lista do PS às eleições europeias). 

A Sábado conta que o primo do presidente do PS e líder da bancada parlamentar socialista, depois de fazer carreira como director executivo e presidente da Associação de Turismo dos Açores (uma entidade pública), Francisco César Gil tem agora as seguintes remunerações mensais: 4578,20 euros (ordenado bruto mensal); 1831,27 euros (despesas de representação); 778 euros (renting de carro). E ainda 824 euros /ano (seguro de acidentes, material escolar e complemento de abono de família. Fora os 10,19 euros/dia para refeição e algumas centenas de euros para telemóvel.

No currículo, Francisco César Gil ostenta ainda uma passagem pela administração do grupo Sata (outra empresa pública dos Açores), onde foi vogal do conselho de Administração entre Maio de 2013 e Abril de 2016. Esta empresa de transporte aéreo foi objecto de uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC), datada de Janeiro de 2016 (sete meses antes da nomeação de Francisco César Gil para a administração da NAV), que apontou alegadas más práticas de gestão à administração da Sata.

Entre as conclusões da auditoria, é feita referência ao “elevado grau de informalidade subjacente ao processo de tomada de decisão nas empresas do grupo Sata” e às “deficiências dos sistemas de controlo interno implementados, que afectaram a relevância e a fiabilidade da informação financeira produzida.”

Engenheiro electrotécnico e de computadores de formação, Francisco César Gil começou por trabalhar no sector privado como consultor de várias operadoras de telecomunicações.

Carlos César fala de “calúnia"

Ao fim da tarde desta segunda-feira, Carlos César fez chegar o seguinte “esclarecimento/desmentido” ao PÚBLICO. “Alguns órgãos de comunicação social entenderam, passados vários dias e no espaço de alguns minutos, repescar uma notícia incerta na edição impressa da semana passada da revista Sábado, na qual se refere a nomeação do Dr. Francisco Gil em 2016 para administrador da empresa NAV, procurando ligar-me a essa nomeação. Esclareço que, de acordo com o que me lembro sobre contagens de linha de parentesco, o Dr. Francisco Gil é meu parente em 5º grau (!) e, tanto quanto interessa também à verdade, nada tive nem tenho a ver com a sua condição profissional, ou com essa ou qualquer outra sua nomeação, nem actual nem passada, pelo que a notícia, como muitas outras, é falsa e insidiosa. Os seus autores numa coisa têm razão: é mais fácil caluniar do que alguém se defender da calúnia.”

Notícia alterada: acrescentado o comunicado de Carlos César

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