Manifestantes no Sudão pedem ajuda ao exército para afastar Bashir
Maior protesto desde o início do movimento para depor o Presidente, em Dezembro, ocorreu este sábado na capital, Cartum.
Milhares de pessoas juntaram-se frente à residência oficial do Presidente Omar al-Bashir em Cartum, a capital do Sudão, neste sábado, exigindo que abandone o poder, após quase três décadas na presidência. As forças de segurança usaram gás lacrimogéneo para dispersar a manifestação, que a Reuters descreve como a maior desde que estes protestos começaram, em Dezembro.
O objectivo do protesto deste sábado é exigir ao Exército que se coloque ao lado do povo – daí o slogan “um povo, um exército” que é gritado pelos manifestantes. O dia escolhido é o do aniversário da revolta popular contra outro Presidente, Jaafar Nimeiry, a 6 de Abril de 1985, que tinha chegado ao poder através de um golpe militar 16 anos antes.
Os manifestantes exigiam “liberdade, paz e justiça”, descreve a Reuters. Bashir, além de estar no poder há 30 anos, é denunciado por múltiplas violações dos direitos humanos e é procurado pela justiça internacional por crimes de guerra cometidos no Darfur.
Os soldados não tentaram dispersar os manifestantes, era a polícia que estava a fazer esse trabalho, diz a Reuters. Foram feitas várias detenções, como tem acontecido nestas manifestações - a Human Rights Watch denunciou a “total impunidade” com que têm operado as forças do Governo, disparando contra manifestantes desarmados.
A queda de Jaafar Nimeiry levou à convocação de eleições e a formação de um governo civil – que acabou por ser deposto por Bashir, num outro golpe, em 1989, com apoio dos islamistas. Desde então, nunca mais deixou o poder.
A intervenção do exército em 1985, para depor Nimeiry, na sequência dos protestos populares, é muitas vezes mencionada pelos sudaneses como uma esperança de que volte a fazer o mesmo, desta vez para afastar Bashir.