Crazy Ex-Girlfriend: a saga musical de Rebecca Bunch chegou ao fim

O derradeiro episódio da série cómica musical co-criada por Rachel Bloom, a actriz principal, e Aline Brosh McKenna chegou a Portugal este fim-de-semana. E foi bom.

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A saga de Rebecca Bunch chegou ao fim DR

Durante quase quatro anos, Crazy Ex-Girlfriend deu-nos muito de raro na comédia televisiva. Para já, a história e a evolução de Rebecca Bunch e dos seus pretendentes e amigos foi-nos contada com a ajuda de vários números musicais, com 157 canções originais ao todo, espalhadas por 62 episódios. Depois, a protagonista, uma advogada que deixou o trabalho estável e bem remunerado em Nova Iorque para se mudar para West Covina, uma pequena cidade perto de Los Angeles, em busca do namorado de infância, sem sequer conseguir admiti-lo, foi ao longo das temporadas uma anti-heroína, alguém que praticou inúmeros crimes e cometeu acções perturbantes. Não acontece todos os dias.

Agora, depois de muita mudança, crescimento, terapia, introspecção e canções sobre tudo, da visibilidade bissexual masculina ao sexo durante o período, passando pela saúde mental, a criação de Rachel Bloom, a actriz principal, e Aline Brosh McKenna, que escreveu filmes como O Diabo Veste Prada, chegou ao fim esta sexta-feira à noite nos Estados Unidos. O episódio final, o 17.º da quarta época, chegou a Portugal via Netflix este sábado – é um original do CW –, acompanhado de um especial gravado ao vivo em Los Angeles com algumas das melhores canções da série, muitas novas piadas e um ambiente mais de teatro musical do que a série.

Sem entrar muito em pormenores específicos, Crazy Ex-Girlfriend acabou bem. Para toda a gente. Apesar de ser uma comédia romântica – e de esta temporada ter tido um episódio exactamente sobre isso –, a série nunca poderia ter tido uma conclusão típica de comédia romântica. Bloom e McKenna são demasiado inteligentes para isso, e teria enfraquecido alguns dos valores que tentaram transmitir ao longo dos 61 episódios anteriores. E mais não se diz.

A saga de Rebbeca Bunch, que descobriu que tinha distúrbio de personalidade limítrofe, mas que isso não desculpava todo o mal que fez ao longo da vida, ficou por aqui. Ficam as canções, co-escritas por Rachel Bloom, Adam Schlesinger, da defunta banda Fountains of Wayne e alguém exímio em criar pastiches de vários géneros da pop, que foi nomeado para um Óscar em 1997 pela canção-título de That Thing You Do!, a estreia na realização de Tom Hanks, e Jack Dolgen, colaborador regular de Bloom há muito, tendo ajudado a produzir Fuck Me, Ray Bradbury, uma hilariante canção sobre o lendário escritor de ficção científica que saiu em 2010. Schlesinger toca teclas e Dolgen toca baixo no especial ao vivo, que tem, tal como a série, coreografia de Kathryn Burns e a participação de uma boa parte do elenco da última época, bem como um pretzel gigante em palco. É uma óptima – e bem mais leve – forma de dizer adeus à série depois dos sentimentos todos que o derradeiro episódio trouxe ao de cima.

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