Cada aluno dos politécnicos gera 6850 euros para a cidade onde estuda
Estudantes representam 80% do efeito económico nas regiões. Impacto dos institutos superiores cresceu em cinco anos.
Por cada estudante que se inscreve num politécnico público, a cidade que o acolhe sente um impacto directo de 6850 por ano. As contas são apresentadas num estudo encomendado pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), que foi divulgado esta quinta-feira. Os alunos são quem mais contribui para a actividade económica gerada pelos institutos superiores. O efeito positivo nas economias locais aumentou nos últimos cinco anos.
Para os valores apresentados pelo estudo O impacto económico dos institutos superiores politécnicos em Portugal são contabilizados os custos com alojamento, alimentação, transportes e outros gastos associados à frequência do ensino superior. Este trabalho, encomendado pelo CCISP e coordenado por Pedro Oliveira, especialista em populações do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, destaca a existência de uma “relação linear crescente entre o impacto na economia local e o número de estudantes do respectivo instituto politécnico”.
Os estudantes têm “o principal impacto” na economia local, que decorre dos gastos efectuados na aquisição de bens e serviços. Estes representam, em média, 80% do impacto directo total de cada politécnico. Este efeito varia entre dez milhões de euros, no caso do instituto de Portalegre, e 76 milhões de euros no de Leiria.
“Os resultados obtidos põem em evidência a importância destas instituições para a dinamização da economia local, a criação de emprego e a atracção e fixação de pessoas”, valoriza-se nas conclusões do estudo. Isto é sobretudo evidente “no caso de regiões mais interiores e despovoadas”.
Em 2014, o CCISP já tinha encomendado um estudo semelhante. A metodologia usada foi a mesma, pelo que os dois documentos permitem comparações. A única diferença é que, há cinco anos, foram analisados sete dos 15 politécnicos públicos. Desta feita, apenas três (Lisboa, Porto e Coimbra) ficaram de fora.
Actividade económica aumentou
Avaliando a instituições que repetem a presença em ambos os estudos, verifica-se que a actividade económica gerada por estes sete politécnicos aumentou entre 2014 e 2019. O efeito menos evidente foi sentido no Politécnico de Viseu que gera uma actividade económica de 17,3 milhões de euros, mais 1,3 milhões do que há cinco anos.
Nos casos como os de Leiria e Bragança, o crescimento da actividade económica é maior: 28 e 25,7 milhões de euros mais do que em 2014, respectivamente. O politécnico da zona centro gera actualmente 129 milhões de euros anuais, enquanto o transmontano gera perto de 65 milhões. O Politécnico de Bragança é aquele que tem maior impacto no PIB da região onde se localiza. São 10,6%. Seguem-se os politécnicos de Castelo Branco (5,28% do PIB) e Leiria (4,18%).
Apesar de terem aumentado os impactos directos e indirectos na economia regional, a maioria dos sete politécnicos que já tinham sido avaliados em 2014, perdeu percentualmente importância no PIB regional – a maior descida, de quase dois pontos percentuais, é a do Politécnico de Viseu, que representa agora 3,68%. O aumento da actividade económica geral nas diferentes regiões explica esta variação.
A nova versão do estudo do CCISP confirma que os politécnicos estão sempre entre as instituições que criam mais postos de trabalho na região – Leiria e Setúbal são o segundo maior empregador, já o instituto do Cávado e do Ave é apenas o sexto. Os politécnicos ocupam entre 1,69% (Viana do Castelo) e 9% (Bragança) da população activa do concelho onde estão sediados.
Tendo em consideração, uma vez mais, apenas os sete politécnicos que já tinham sido alvo de um estudo semelhante em 2014, percebe-se que o seu peso no mercado de trabalho das regiões sofreu uma redução nos últimos cinco anos. Os empregos criados pelos politécnicos desceram entre 20 a 30% nos últimos cinco anos – em grande parte por efeito das medidas de austeridade que congelaram as admissões de novos trabalhadores, adiaram as aposentações e reduziram o financiamento das instituições.