Os estudantes vão voltar a faltar às aulas pelo clima: “Não vamos largar o osso”

Estudantes de todo o mundo vão voltar a sair à rua, a 24 de Maio para pedir justiça climática. Depois de, em Março, cerca de 20 mil alunos portugueses terem faltado às aulas em protesto, “não há ainda uma mudança de paradigma”.

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Inês Fernandes

Eles avisaram que não iam parar. E a próxima greve climática estudantil já está marcada: 24 de Maio, dois meses depois da primeira manifestação, os estudantes vão voltar a faltar às aulas para exigir justiça climática, responsabilização e respostas do Governo. A 15 de Março, “20 mil estudantes” de todo o país saíram à rua — mais de um milhão e meio em todo o mundo —, mas Matilde Alvim, organizadora do movimento em Portugal, acredita que “não há ainda uma mudança de paradigma”, apesar de já existirem algumas tentativas de diálogo.

“Claro que não podemos esperar uma mudança do dia para a noite. Mas ainda não houve a mudança política que reivindicamos e a prova disso é o facto de os contratos da Batalha e Pombal para exploração de gás natural ainda estarem em cima da mesa”, refere Matilde. Por isso, vão voltar a sair à rua, num dia em que estudantes de todo o mundo vão fazer o mesmo: uma rebelião convocada pelo movimento FridaysforFuture, iniciado por Greta Thunberg. “Não vamos largar o osso”, atira. 

Os dois meses que separam as greves estão a ser utilizados para o estudo da causa e organização interna do movimento. Esta sexta-feira, 5 de Abril, os responsáveis pelo movimento em Lisboa vão reunir-se com Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal — uma iniciativa que partiu do município e para a qual os jovens planeiam levar sugestões do que “se pode fazer melhor” na cidade. “Estamos a analisar os planos em que Lisboa está inserido, a estratégia municipal de adaptação às alterações climáticas e a ver o que, da nossa experiência pessoal, está em falta”, refere. O mesmo deverá acontecer em Braga e Chaves, em datas a confirmar.

As greves são “um ponto fulcral”, mas não são a única acção do movimento. “Estamos a planear assembleias, debates e outras actividades que possam dinamizar e catalisar mais pessoas”. Há um grupo de jovens dedicado à “análise de planos governamentais e leis que vão sendo actualizadas”, relacionadas com o clima, e os responsáveis do movimento querem “comunicar mais com os estudantes para mantê-los ainda mais a par do que se está a passar”.

“Há países que estão a fazer greve todas as semanas”, mas Matilde acredita que Portugal não está preparado para uma acção tão regular, apesar da possibilidade ter estado em cima da mesa: “Se por um lado a pressão aumentava, podíamos estar a correr o risco de desvalorizar [a causa]. Um movimento tão recente como o nosso podia não aguentar”, afirma.

Desta vez, os pais também querem pôr mãos à obra. Do FridaysforFuture, nasceu o ParentsforFuture, que está a ser semeado em Portugal. “Os adultos apoiam os estudantes, porque o tema climático abrange todos”, explica Jorge Sousa, português a viver na Alemanha, que está a tentar trazer o movimento para o país. O plano de acção está ainda a ser definido, mas prevê-se a organização de plenários e a criação de um site e uma página no Facebook, para disseminar o movimento.

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