Até os mortos saíram à rua para celebrar o título do Racing

Festa do novo campeão argentino inundou ruas de Buenos Aires de adeptos. Incluindo um que diz ter levado o crânio do avô.

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A festa dos adeptos do Racing Reuters/AGUSTIN MARCARIAN

Era um campeão anunciado que a matemática, finalmente, confirmou: o Racing de Avellaneda, líder do campeonato argentino em 21 das 24 jornadas já cumpridas (a 25.ª e última, no próximo domingo, servirá apenas para “La Academia” cumprir calendário), recuperou o trono do futebol argentino cinco anos após o último título. Um ponto na visita ao Tigre (1-1) bastou para o Racing ficar fora do alcance do segundo classificado, o Defensa y Justicia (que também empatou 1-1 na recepção ao Unión de Santa Fe), e sagrar-se campeão pela 18.ª vez. Era o início de uma festa que inundou as ruas de Buenos Aires de branco e azul celeste – na qual até os mortos participaram.

Adeptos de todas as idades celebraram o regresso do Racing campeão, preenchendo a Praça da República de Buenos Aires, junto ao monumental Obelisco, pela madrugada dentro. Incluindo um adepto muito especial, que teve de ser carregado pelo seu neto: “Trouxe o meu avô, Valentín Aguilera. Estava num nicho funerário mas tirei-o de lá sempre que o Racing jogou. É a cabala do Racing. O meu avô deve sentir-se orgulhoso por eu o ter trazido aqui”, afirmou Gabriel Aranda, adepto do Racing, à TNT Sports, enquanto segurava um crânio que, garantiu, era a do seu falecido avô. Foi “a entrevista mais insólita” da noite de festa do Racing, chamou-lhe o diário argentino La Nación.

A imagem de Gabriel, de tronco nu e tatuado (incluindo o símbolo do Racing), sorridente a segurar um crânio, no meio da rua, rodeado de outros adeptos em êxtase, rapidamente se tornou um fenómeno particular dentro da festa. Este adepto fervoroso empenhou-se em que o seu “avô” não perdesse pitada do dia histórico do Racing: já andava com o crânio no “banderazo” com que os adeptos se despediram da equipa antes da viagem rumo ao recinto do Tigre, e carregou-o noite dentro durante os festejos.

Excentricidades à parte, o título do Racing foi o triunfo da eficácia, destacou o diário desportivo argentino Olé. “Se olharmos apenas para a era do futebol profissional [desde 1931], esta equipa comandada por Eduardo Coudet é o campeão com maior percentagem de pontos conquistados na história do clube”, podia ler-se: “Com uma jornada ainda por disputar, o Racing conquistou 77,7% dos pontos em disputa.”

Líder da classificação desde a quarta jornada, o Racing ostenta a melhor defesa (15 golos sofridos) e também o melhor ataque (42 golos marcados) do campeonato. Para tal contribuiu Lisandro López, ex-jogador do FC Porto, e grande figura deste Racing campeão. O avançado internacional argentino é, aos 36 anos, o melhor marcador da Liga argentina, com 17 golos. “Licha” regressou em 2016 ao clube onde cumpriu parte da formação e se estreou como sénior, e desde então é o líder da “La Academia”. Agora conquistou o primeiro título no futebol argentino, que deixou em 2005 para rumar ao Dragão.

E se Lisandro López está ligado ao clube até 2020, o contrato do treinador que conduziu o Racing ao título está prestes a expirar. O compromisso de Eduardo Coudet termina em Junho e a sua continuidade não está garantida, escrevia o Olé. “Queremos que continue, mas a decisão tem de ser tomada pelas duas partes. Se ele continuar no futebol argentino, temos muitas possibilidades que ele fique. Se houver propostas do estrangeiro, vai avaliá-las. Mas, se ficar na Argentina, tem de assinar pelo Racing”, vincou o presidente Víctor Blanco.

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