Presidente do Lloyds Bank aponta banca como risco para a economia portuguesa
Banqueiro participou na conferência do CDS-PP Ouvir Portugal.
O presidente do Lloyds Bank, António Horta Osório, identificou neste sábado o sector bancário, o endividamento e a demografia como os três riscos para a economia portuguesa. O banqueiro falava na conferência Ouvir Portugal, promovida pelo CDS-PP, em Lisboa.
Foi a última conferência de um ciclo de 20 que serviram para preparar o programa eleitoral do CDS-PP para as legislativas. O banqueiro falou para algumas dezenas de pessoas, entre as estavam alguns dirigentes e deputados do CDS e o ex-líder Paulo Portas.
Apontando Portugal com uma “pequena economia muito aberta”, Horta Osório alertou para os riscos do sector bancário, que melhorou os rácios de capital nos últimos anos, mas que ainda tem um nível de crédito malparado (à volta de 11%) ainda “excessivo”. O segundo risco identificado tem a ver com o endividamento total do país. “A dívida total de Portugal de empresas e famílias aumentou em cerca de 28%. Em 2007 era 265% do PIB, e no terceiro trimestre de 2018 é 293% do PIB. É claramente um valor muito elevado”, afirmou, acrescentando que a situação pode ficar mais dramática quando a taxa de inflação atingir os 2%, o que vai ter implicações no serviço da dívida.
A questão da demografia foi o terceiro problema apontado pelo economista, lembrando que, se nada for feito, Portugal terá, daqui a 30 anos, “a mesma população do que tinha em 1960” e “um reformado para cada trabalhador”. Sem querer entrar na discussão partidária – como haveria de responder ao coordenador do programa eleitoral do CDS, Adolfo Mesquita Nunes – o banqueiro foi crítico da política de imigração. “Atrair imigrantes que compram uma casa e não vivem cá ou para pagar menos impostos isso não é um critério relevante”, apontou, numa referência indirecta aos vistos gold, medida proposta pelo ex-ministro Paulo Portas.
No final da intervenção, Assunção Cristas questionou Horta Osório sobre qual a área que identificaria como a de potencial crescimento para Portugal. O banqueiro defende que o país deveria discutir que dimensão quer ter, lembrando que a Holanda tem o mesmo tamanho que Portugal e tem o dobro da população. Já anteriormente Horta Osório tinha referido o exemplo da Irlanda como um país que também teve uma crise (no imobiliário e na banca) e que “arregaçou as mangas”, registando actualmente um crescimento económico de 4% a 5%.