Retratos da Cova da Moura: "As pessoas podem ser pobres aqui, mas têm grandes corações"

A Cova da Moura pela lente do fotógrafo Rafael Marchante, da agência Reuters.

"Tenho sempre um sorriso no rosto, apesar de estar doente", disse Dulce Fernandes. Veio para Portugal em 2000 para "procurar uma vida melhor, não havia emprego em Cabo Verde. Tenho quatro filhos, sem pai. Sou uma mulher forte", diz. Como muitos outros moradores, Dulce colecciona figuras de santos católicos. Na sua pequena casa também tem plantas que usa para fins medicinais, algo que é comum no bairro, tal como em Cabo Verde Reuters/RAFAEL MARCHANTE
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"Tenho sempre um sorriso no rosto, apesar de estar doente", disse Dulce Fernandes. Veio para Portugal em 2000 para "procurar uma vida melhor, não havia emprego em Cabo Verde. Tenho quatro filhos, sem pai. Sou uma mulher forte", diz. Como muitos outros moradores, Dulce colecciona figuras de santos católicos. Na sua pequena casa também tem plantas que usa para fins medicinais, algo que é comum no bairro, tal como em Cabo Verde Reuters/RAFAEL MARCHANTE

Há bolos, restaurantes, santos católicos, rap, sorrisos, sonhos e luta. É o bairro da Cova da Moura, na Amadora, visto pelo fotógrafo da Reuters Rafael Marchante. Nasceu depois do 25 de Abril de 1974, com o regresso dos primeiros retornados das ex-colónias portuguesas e a chegada de pessoas oriundas dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), sobretudo de Cabo Verde – há quem diga que a Amadora é a maior cidade cabo-verdiana do mundo.

 

Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Paulo Cabral, 36 anos, nascido no bairro da Cova da Moura de pais cabo-verdianos, senta-se no sofá de casa do seu pai. "Por vezes, a única coisa que as pessoas sabem da Cova da Moura é o seu lado negativo", disse Paulo Cabral. "Mas essa não é a única verdade". Paulo organiza visitas ao bairro: "Quando se visita uma vez, volta-se sempre", disse. "As pessoas podem ser pobres aqui, mas têm grandes corações e preservar a cultura é parte de quem somos"
Paulo Cabral, 36 anos, nascido no bairro da Cova da Moura de pais cabo-verdianos, senta-se no sofá de casa do seu pai. "Por vezes, a única coisa que as pessoas sabem da Cova da Moura é o seu lado negativo", disse Paulo Cabral. "Mas essa não é a única verdade". Paulo organiza visitas ao bairro: "Quando se visita uma vez, volta-se sempre", disse. "As pessoas podem ser pobres aqui, mas têm grandes corações e preservar a cultura é parte de quem somos" Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Reuters/RAFAEL MARCHANTE
O rapper Timor Young Smoke, 27 anos, usa a sua música para debater questões sociais, incluindo a violência policial
O rapper Timor Young Smoke, 27 anos, usa a sua música para debater questões sociais, incluindo a violência policial Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Mulheres fazem bolas com farinha de milho durante a celebração de Santa Catarina no bairro da Cova da Moura, em Lisboa. Santa Catarina é uma das celebrações religiosas mais importantes em Cabo Verde e também na Cova da Moura. Todos os anos, os moradores vão à igreja e saem às ruas para celebrar a santa
Mulheres fazem bolas com farinha de milho durante a celebração de Santa Catarina no bairro da Cova da Moura, em Lisboa. Santa Catarina é uma das celebrações religiosas mais importantes em Cabo Verde e também na Cova da Moura. Todos os anos, os moradores vão à igreja e saem às ruas para celebrar a santa Reuters/RAFAEL MARCHANTE
O reformado Evaristo Marques, de 75 anos, prepara-se para comemorar o dia de Santa Catarina no bairro da Cova da Moura. Evaristo, nascido na capital de Cabo Verde, não se vê a viver noutra zona de Lisboa: "As pessoas podem dizer o que quiserem sobre a Cova da Moura, mas só vou deixar este sítio quando estiver morto."
O reformado Evaristo Marques, de 75 anos, prepara-se para comemorar o dia de Santa Catarina no bairro da Cova da Moura. Evaristo, nascido na capital de Cabo Verde, não se vê a viver noutra zona de Lisboa: "As pessoas podem dizer o que quiserem sobre a Cova da Moura, mas só vou deixar este sítio quando estiver morto." Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Uma fotografia da lenda cabo-verdiana Cesária Évora, num restaurante no bairro da Cova da Moura
Uma fotografia da lenda cabo-verdiana Cesária Évora, num restaurante no bairro da Cova da Moura Reuters/RAFAEL MARCHANTE
O músico cabo-verdiano Francisco Fortes, de 56 anos, toca guitarra no Coqueiro, um dos muitos restaurantes da Cova da Moura que servem comida tradicional cabo-verdiana
O músico cabo-verdiano Francisco Fortes, de 56 anos, toca guitarra no Coqueiro, um dos muitos restaurantes da Cova da Moura que servem comida tradicional cabo-verdiana Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Uma caixa de correio no bairro da Cova da Moura
Uma caixa de correio no bairro da Cova da Moura Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Idrissa Mane, de 44 anos, trabalha numa loja de costura no bairro da Cova da Moura. É possível ver os padrões coloridos das roupas africanas. "Todos os materiais vêm da África."
Idrissa Mane, de 44 anos, trabalha numa loja de costura no bairro da Cova da Moura. É possível ver os padrões coloridos das roupas africanas. "Todos os materiais vêm da África." Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Mulheres fazem bolas com farinha de milho durante a celebração de Santa Catarina no bairro da Cova da Moura, em Lisboa. Santa Catarina é uma das celebrações religiosas mais importantes em Cabo Verde e também na Cova da Moura. Todos os anos, os moradores vão à igreja e saem às ruas para celebrar a santa
Mulheres fazem bolas com farinha de milho durante a celebração de Santa Catarina no bairro da Cova da Moura, em Lisboa. Santa Catarina é uma das celebrações religiosas mais importantes em Cabo Verde e também na Cova da Moura. Todos os anos, os moradores vão à igreja e saem às ruas para celebrar a santa Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Reuters/RAFAEL MARCHANTE
A cozinheira Benvinda Mendes, de 73 anos, mais conhecida como Totta, nasceu na ilha cabo-verdiana de Santa Catarina onde trabalhou na construção civil, construindo estradas e outras infraestruturas. Na década de 1980 mudou-se para Portugal em busca de uma vida melhor para ela e para a sua família – mas quando chegou à Cova da Moura não havia água nem outros serviços básicos. Agora, Benvinda é dona de um restaurante no bairro e dança o tradicional "batuque", um género musical e estilo de dança de Cabo Verde que aprendeu com sua falecida mãe
A cozinheira Benvinda Mendes, de 73 anos, mais conhecida como Totta, nasceu na ilha cabo-verdiana de Santa Catarina onde trabalhou na construção civil, construindo estradas e outras infraestruturas. Na década de 1980 mudou-se para Portugal em busca de uma vida melhor para ela e para a sua família – mas quando chegou à Cova da Moura não havia água nem outros serviços básicos. Agora, Benvinda é dona de um restaurante no bairro e dança o tradicional "batuque", um género musical e estilo de dança de Cabo Verde que aprendeu com sua falecida mãe Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Um polícia caminha durante a celebração de Santa Catarina no bairro da Cova da Moura
Um polícia caminha durante a celebração de Santa Catarina no bairro da Cova da Moura Reuters/RAFAEL MARCHANTE
A animação que se vive no Coqueiro, um restaurante na Cova da Moura
A animação que se vive no Coqueiro, um restaurante na Cova da Moura Reuters/RAFAEL MARCHANTE
A vista do bairro da Cova da Moura
A vista do bairro da Cova da Moura Reuters/RAFAEL MARCHANTE
Moradores participam de uma procissão durante as celebrações de Santa Catarina, no bairro da Cova da Moura
Moradores participam de uma procissão durante as celebrações de Santa Catarina, no bairro da Cova da Moura Reuters/RAFAEL MARCHANTE