Videoclipe
Um Corpo Estranho e uma máscara estranha
Esta galeria é uma parceria com o portal Videoclipe.pt, sendo a seleção e os textos dos responsáveis do projeto.
A crónica de Hilário Amorim: Videoclipe, o herói improvável
Dos cinco vídeos adicionados esta semana na plataforma VIDEOCLIPE.PT, dois cativaram-nos a atenção pelo seu registo ficcional. O que é sempre um facto a realçar pelo desafio de produção que representa para qualquer banda nacional e sem grande alcance mediático.
Ainda que não tenha ganho o nosso destaque da semana aqui no P3, o videoclipe do trio The Dust é, no entanto, bem merecedor de visionamento. Há nele um inebriante gozo na criação de um pastiche “tarantinesco” de crime, western, gore e erotismo. E, além de se ajustar narrativamente às nuances da música, tematicamente bebe do imaginário de um bom rock rebelde e lascivo. Com clichés, uma ou outra imperfeição assumida (membros da banda participam), mas bem esgalhado. Portanto, curtam à brava este Double O’Nothing.
Por outro lado, com o videoclipe O Estrangeiro, o duo setubalense Um Corpo Estranho chama a atenção para o lançamento do seu terceiro álbum, intitulado Homem Delírio. Surge agora com uma vertente mais intimista e ambiental do que a do passado, feita de canções folk ou pop-rock arreganhadas, das quais já havíamos apresentado aqui duas mostras em vídeo, onde se brincava criativamente com a imagem do duo. E embora eles também apareçam algures por este videoclipe, há agora uma tentativa de criar uma encenação entre o surreal e o poético, presente no conceito desse álbum. Aliás, é da capa deste que se faz a máscara estranha de todos os figurantes. E ainda que seja uma ficção praticamente desprovida de dramaturgia, logo, sem uma fácil adesão, consegue suscitar alguma curiosidade pela beleza de algumas propostas visuais, e outras mais intrigantes.
Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico, a pedido do autor.