Oposição tailandesa apresenta coligação para tentar formar governo
Tanto a junta militar como a oposição ligada ao ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra dizem ter condições para chegar ao poder.
A oposição tailandesa apresentou esta quarta-feira uma ampla coligação, que inclui sete partidos, com o objectivo de formar um novo governo e afastar a junta militar do poder. Porém, com a totalidade dos resultados das eleições do fim-de-semana ainda por revelar, poderá não ser possível alcançar uma maioria para governar.
A Tailândia continua mergulhada no ambiente de confusão pós-eleitoral e há indícios fortes de que a situação política se vai manter indefinida. Tanto os militares como a oposição asseguram ter condições para governar e movimentam-se nesse sentido, embora a apresentação dos resultados finais tenha sido adiada para 9 de Maio.
O partido Pheu Thai, ligado ao ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, na linha da frente do combate à junta militar, anunciou ter chegado a acordo com outros seis partidos para formarem um governo.
“Os partidos na frente democrática conseguiram a confiança da maior parte das pessoas”, afirmou a líder do partido e candidata a primeira-ministra, Sudarat Keyuraphan, numa conferência de imprensa ao lado dos restantes parceiros de coligação. O Pheu Thai estava no poder quando em Maio de 2014 o Exército depôs a então primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, após meses de protestos.
Desde então, a junta militar reforçou a sua posição dominante, perseguiu opositores políticos e aprovou uma nova Constituição que garante a sua permanência no poder.
Os partidos que compõem a “frente democrática” anunciada esta quarta-feira conseguiram eleger 255 deputados, tendo maioria na Câmara dos Representantes. No entanto, a nova Constituição obriga a que o governo seja apoiado por uma maioria de parlamentares nas duas câmaras do Parlamento em conjunto. Os 250 elementos do Senado foram nomeados pela junta militar, garantindo um apoio certo ao partido dos militares, o Palang Pracharat.
O partido continua a dizer que tem legitimidade para formar governo, dado o número de votos que obteve. “Tivemos a maioria dos votos populares, quase oito milhões querem Prayuth [Chan-ocha, o líder da junta militar] como primeiro-ministro”, afirmou o porta-voz do Palang Pracharat, Thanakorn Wangboonkongchana, citado pela Reuters.
Os observadores internacionais manifestaram preocupação com a forma como as eleições, disputadas no domingo, decorreram, referindo várias irregularidades que põem em causa a “fiabilidade do processo”, como concluiu a Rede Asiática para Eleições Livres.