Especial Cibersegurança
"Já não chega uma empresa ter uma estratégia de cibersegurança"
Metade dos gestores antecipa que a cibersegurança terá impacto no negócio e só uma minoria das empresas tem confiança na forma como a Internet funciona, concluiu um estudo da Accenture. Numa entrevista ao PÚBLICO, Pedro Galhardas, administrador responsável pela Accenture Strategy em Portugal, afirma que, para evitar riscos, as empresas têm também de "preocupar-se com o sector, a sua cadeia de valor, os seus parceiros".
Todas as empresas estão dependentes da Internet e das tecnologias de informação, mas as preocupações com cibersegurança têm vindo a aumentar, as tecnologias são por vezes adoptadas a um ritmo que torna difícil assegurar a respectiva segurança, e a partilha de informação ainda é vista com relutância por muitos gestores – são conclusões de um estudo da consultora Accenture, apresentado no Fórum Económico Mundial, em Davos.
Com a ajuda de de sistemas de inteligência artificial, a Accenture analisou cerca de 11 mil transcrições de comunicações de resultados de empresas do S&P 500 (um índice que lista as maiores cotadas dos EUA), relativas ao período entre 2012 e 2018.
Em 2018, todas as empresas diziam estarem dependentes da Internet (eram 76% em 2013), mas apenas 30% dos afirmavam ter confiança nesta tecnologia, um indicador que a consultora estima que caia para 25% em 2023, "se nada for feito para o melhorar".
Segundo os dados do relatório, 68% dos gestores afirmam que os riscos de cibersegurança estão a crescer, ao passo que 59% acreditam que a Internet está cada vez mais instável e que "as organizações não têm certeza sobre como reagir". Metade antecipam que os riscos de segurança na economia digital terão impacto no crescimento do negócio.
"As empresas, para gerirem este risco, que existe e é cada vez mais desafiante, têm de procurar soluções que sejam sectoriais, mais abragentes", observa Pedro Galhardas, administrador responsável pela Accenture Strategy em Portugal, em entrevista ao PÚBLICO. "Já não chega uma empresa ter uma estratégia e um modelo de gestão de risco de cibersegurança devidamente implementado. Têm de preocupar-se com o sector, a sua cadeia de valor, os seus parceiros."
A cibersegurança, nota Galhardas, é também uma preocupação para lá da esfera das empresas privadas e "é um tema que está agenda dos líderes mundiais".