Mov-5.7: As direitas juntam-se para acabar com “o longo Inverno socialista”

Rostos de diferentes sectores da direita juntaram-se para apresentar um manifesto no qual deixam claro que se insurgem “contra o imobilismo socialista e a sua concepção hegemónica do poder”.

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Miguel Morgado lançou este sábado o Movimento 5.7 Miguel Manso

Na tarde em que foi apresentado o manifesto do Movimento 5.7 (Mov-5-7), subiram ao palco Cecília Meireles, do CDS, Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal e, claro, o social-democrata Miguel Morgado, o rosto do movimento que quer ser um espaço de reflexão à direita. A escolha dos intervenientes, na sessão que aconteceu em Lisboa, não foi por acaso. Em comum, têm a rejeição do socialismo, seja ele mais “cor-de-rosa” ou mais “vermelho”, mas vêm de diferentes sectores da direita. E é, precisamente, esta diversidade que a plataforma quer preservar. Quer as ideias de todos: dos liberais, dos conservadores, dos democratas-cristãos, e dos sociais-democratas.

O dia escolhido também não foi por acaso e foi Miguel Morgado quem usou o calendário como metáfora. Para o social-democrata, o facto de o manifesto ser apresentado no primeiro fim-de-semana da Primavera é um “bom augúrio” para o objectivo de se pôr fim a “um longo Inverno socialista”.

O manifesto não poupa nas críticas à esquerda: “Insurgimo-nos contra o imobilismo socialista e a sua concepção hegemónica do poder, que vê esse exercício como o alargamento de redes de dependências e clientelas, contra a colonização do Estado, que desvitaliza a sua autoridade, e contra a ocupação dos principais centros de decisão na sociedade, que torna o país cativo de compadrios”, lê-se.

No documento, apela-se à direita para que “não se subordine aos lugares comuns do pensamento único, que hoje fazem da direita um refém cultural da esquerda”. Para os rostos desta plataforma, “é urgente romper com a tutela cultural da esquerda”. Defendem o mérito, o trabalho, “o risco responsável”. Recusam a “uniformidade e o conformismo socialistas”. Insistem na “livre iniciativa económica”, na “primazia” da economia de mercado concorrencial. Querem combater “o burocratismo e estatismo socialistas” que consideram serem “os pais da estagnação económica”.

Os subscritores garantem ainda valorizar a “mobilidade social”, a igualdade perante a lei, e a “multiplicação de oportunidades para todos, independentemente da cor da pele”, da “família”, ou do “bairro”. “Recusamos a oligarquização da sociedade que o socialismo protege com a cumplicidade dos grandes interesses empresariais”. Consideram que “a âncora europeia é vital para Portugal” e que o país “pode ser muito mais do que uma sociedade sempre dependente, estagnada e corrompida nas suas instituições”. Acreditam que se pode ir mais longe: “Renegamos a amputação do futuro a que o socialismo nos condena.”

Na intervenção que fez, Miguel Morgado reforçou estas ideias e acrescentou que o movimento precisa da intervenção de todos: do “vigor reformista” dos liberais; dos conservadores para “proteger as instituições” e o “legado civilizacional”; da “ética social” e do “entendimento moral da política” dos democratas-cristãos; e dos “sociais-democratas não socialistas” que defendam os “mais desfavorecidos”.

O movimento, anunciou ainda, está a preparar um “grande livro sobre as direitas portuguesas”, com vários autores e sem qualquer “concessão à mentalidade e cultura socialista”. É coordenado pelo próprio social-democrata e pelo historiador Rui Ramos (que também está na direcção do movimento, bem como, entre outros, Carlos Guimarães Pinto e três membros do CDS, Margarida Bentes Penedo, Graça Canto Moniz, e Eduardo Nogueira Pinto). Pedro Lomba (PSD) é presidente da Assembleia Geral.

A centrista Cecília Meireles que, antes de pegar no microfone, reafirmou aos jornalistas que este é um espaço de reflexão não partidário, explicou que decidiu aderir porque não é “conformista” nem socialista. E defendeu ser necessário “romper” com a forma como a esquerda está a “inquinar” os debates importantes. Foi a deputada quem afirmou existirem alternativas ao socialismo, seja ele “mais cor-de-rosa” ou “mais vermelho”.

Já Carlos Guimarães Pinto – que iniciou o discurso dizendo que, “como liberal”, tem “algum pejo” em identificar-se “como sendo de direita” – teceu críticas também à direita, lamentando que nos últimos anos tivesse “cavalgado as causas erradas”, que esteja a competir com bloquistas para ser “muleta do Governo” e tivesse dado uma “geração inteira” ao Bloco de Esquerda. “Estamos há 20 anos estagnados”, reiterou, defendendo, entre outras ideias, a necessidade de se reduzir impostos e burocracia.

Já no fim da sessão, e à imprensa, Miguel Morgado voltou a rejeitar a ideia de que esta possa ser uma plataforma de lançamento para uma eventual candidatura à liderança do PSD. E garantiu que não haverá iniciativas do movimento nem em Maio, nem em Agosto e Setembro, meses que antecedem dois actos eleitorais (europeias e legislativas).

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