Ainda há dinheiro no quiosque das bananas?

A segunda parte da quinta temporada de Arrested Development chegou nesta sexta-feira ao Netflix. Será o este fim da família Bluth? É muito provável.

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Buster Bluth (Tony Hale) e Oscar ou George (Jeffrey Tambor) Netflix
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Will Arnett é Gob Bluth em "Arrested Development" Netflix
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Jessica Walter é Lucille Bluth em "Arrested Development" Netflix
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Jeffrey Tambor, o patriaca George Netflix
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Tony Hale é o mais novo dos irmãos Bluth, Buster Netflix
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Michael (Jason Bateman) e a mãe Lucille (Jessica Walter) Netflix
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Tobias (David Cross) e a filha Maeby (Alia Shawkat) Netflix

O que nos fez gostar tanto de Arrested Development (nomeado em Portugal como De Mal a Pior) em 2003? Tudo, basicamente, e um tudo que incluía Liza Minelli a fazer de Liza Minelli com vertigens. Os críticos gostaram, os prémios apareceram, mas as audiências foram curtas. Tornou-se numa série de culto com vida curta de apenas três temporadas e, durante muito tempo, falou-se de um filme. Esse filme nunca aconteceu, mas a saga da família Bluth acabaria por ter nova vida no Netflix, que nunca divulga as audiências. Teve uma temporada em 2013, teve mais meia em 2018 e, desde sexta-feira, estão mais oito episódios disponíveis no serviço de streaming. Talvez sejam os últimos episódios, talvez não, mas, por tudo o que Arrested Development tem passado, o mais provável é que sejam mesmo os últimos.

Era (e é) uma sitcom familiar que desfiava vários novelos cómicos ao mesmo tempo — um patriarca vigarista, uma matriarca alcoólica, quatro irmãos cada um com as suas bizarrias, bananas congeladas e casas construídas no meio do deserto — e, o que parecia caos, era perfeito. Era uma série mais que perfeita em 2003, mas foi bem menos que isso em 2013, quando ressurgiu como um dos primeiros conteúdos produzidos pelo Netflix — que decidiu ressuscitar outras séries, como Full House ou Designated Survivor. E quando a quinta temporada estreou em 2018, os Bluth já não eram, de todo, aquela família disfuncional que estava condenada a ficar unida.

Arrested Development sofreu as consequências de reunir um elenco uma década depois. E, depois, também levou por tabela com as alegações de assédio sexual que envolveram Jeffrey Tambor, um eterno secundário a quem Arrested Develpment dera uma renovada visibilidade e que, depois, tivera a maior aclamação da sua carreira com Transparent, onde era um homem que se assumia como uma mulher transgénero aos 70 anos.

As acusações levaram ao seu despedimento de Transparent, mas já tinha filmado a quinta temporada de Arrested Development. Durante a promoção dos novos episódios, foi confrontado com as acusações e negou-as, ao mesmo tempo que admitia ser um actor temperamental e de pavio curto na relação com os seus colegas. E, durante uma entrevista colectiva do elenco com o New York Times, Jessica Walter, que tinha sofrido abusos verbais de Tambor (que é o seu marido na série), começou a chorar quando recordava o episódio. O resto do elenco dividiu-se na defesa de Tambor e toda a conversa foi bastante confrangedora.

Tudo isto se sente nesta segunda parte da quinta temporada, onde quase toda a gente parece estar a cumprir calendário, como se costuma dizer no futebol. Não parece uma família a desempenhar uma família. Actores de muitos méritos cómicos, como Jason Bateman, Will Arnett ou Tony Hale, parecem estar a fazer um biscate nos tempos livres (e praticamente não há Portia de Rossi, que abandonou a profissão) por favor. Ainda há bons momentos, muitos deles vindos de David Cross, o homem que se pintava de azul porque queria fazer parte do Blue Man Group, e é justo dizer que ainda há alguma química dispersa por estes oito episódios (finais?) de Arrested Development. Mas, como diria George Senior, já não há dinheiro no quiosque das bananas.

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