Pó de talco cancerígeno vale indemnização de 29 milhões a uma das mulheres afectadas

A empresa nega qualquer ligação entre os seus produtos e cancro e diz que vai recorrer da decisão do tribunal californiano. Este é um dos mais de 13 mil processos que a multinacional enfrenta.

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Uma embalagem de pó de talco da Johnson & Johnson Mike Segar/REUTERS

A multinacional Johnson & Johnson foi condenada a pagar 29 milhões de dólares (cerca de 25,6 milhões de euros) a Terry Leavitt, mulher norte-americana que alega que o amianto presente nos produtos da marca, nomeadamente no pó de talco, estiveram na origem do seu cancro. A decisão jurídica foi anunciada esta quarta-feira num tribunal californiano.

A empresa, que enfrenta mais de 13 mil processos nos Estados Unidos relacionados com os seus produtos, disse que ia recorrer da decisão, alegando existirem “erros processuais e probatórios” durante o julgamento, argumentando ainda que os advogados e a mulher indemnizadas falharam ao provar que o pó de bebé continha amianto. Este processo começou a 7 de Janeiro e durou nove semanas. A empresa é ainda acusada de saber da existência de amianto e de não ter alertado os seus consumidores.

A empresa nega também que o pó de talco seja cancerígeno. Garante que existem estudos e testes feitos pelo mundo que mostram que os seus produtos são seguros e não causam cancro.

“Respeitamos o processo judicial e reiteramos que os veredictos jurídicos não são conclusões médicas, científicas ou legislativas sobre um produto”, defendeu-se a empresa, citada pela Reuters.

A mulher agora indemnizada diz que usou produtos da marca no passado, nas décadas de 1960 e 1970, e que desenvolveu mesotelioma (cancro na pleura, a membrana que cobre os pulmões) em 2017. Foi um dos primeiros casos a vir a público dos que serão agora julgados em 2019.

Já em Julho do ano passado, a multinacional Johnson & Johnson foi condenada a pagar uma indemnização de mais de quatro mil milhões de euros a 22 mulheres que alegavam ter cancro do ovário por utilizarem produtos da marca. Este veredicto foi conhecido depois de seis semanas de testemunhos e alegações por parte de especialistas da defesa e da acusação, num tribunal de Saint Louis, no estado do Missouri, nos Estados Unidos. A empresa foi processada por mais de nove mil mulheres que afirmaram que o pó de talco contribuiu para o desenvolvimento do cancro do ovário — seis das 22 queixosas morreram.

Em Julho, especialistas médicos confirmaram que o amianto, conhecido cancerígeno, é misturado com o talco mineral, principal ingrediente do pó talco da Johnson & Johnson. De acordo com o principal advogado da acusação, Mark Lanier, “a multinacional encobriu provas da existência de amianto nos produtos durante mais de 40 anos”. Desde os anos de 1970 que a empresa sabia que o pó de talco tinha amianto, mas não avisou os consumidores. A acusação garantia ainda que foram encontradas fibras de amianto e partículas de talco nos tecidos dos ovários de muitas mulheres.

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