EDP aposta nas renováveis e vende centrais na Península Ibérica
Eléctrica prevê investimento de 12 mil milhões até 2022, essencialmente em renováveis, e prepara venda de centrais térmicas e outros “activos em regime de mercado”.
A EDP anunciou esta terça-feira que prevê investir cerca de 2900 milhões de euros por ano até 2022. A empresa pretende reforçar o negócio de energias renováveis e prepara-se para reduzir a exposição em centrais térmicas (carvão e gás) e outros activos em mercado.
Estes são alguns dos pontos do plano estratégico para os próximos anos que a empresa presidida por António Mexia divulgou na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. A eléctrica anunciou ainda uma despesa de cerca de três mil milhões de euros em dividendos até 2022 (procurando manter os actuais 19 cêntimos por acção) e uma redução da dívida total em dois mil milhões de euros (para 11,5 mil milhões de euros).
Segundo a empresa, os novos objectivos de investimento representam um aumento de 60% face ao plano estratégico anterior (de 1800 milhões de euros de investimento anual) e a fatia de leão vai directa para o negócio de renováveis.
Nestas tecnologias — solar e eólica — a empresa propõe-se investir 75% do total aproximado de 12 mil milhões de euros. Segue-se o investimento em redes de distribuição, 20%, e em soluções dirigidas para os clientes, 5%.
António Mexia, que está a apresentar o plano estratégico em Londres a analistas e investidores, sublinhou que a empresa “está numa boa posição para capitalizar a transição energética” e revelou que o objectivo da EDP é ter 90% da produção gerada a partir de fontes renováveis até 2030. O gás representará os restantes 10%.
Ao mesmo tempo que vai reforçar a aposta no sector de renováveis, a empresa propõe-se a desinvestir em “activos em regime de mercado” (a EDP tem, por exemplo, barragens e centrais a gás a funcionar em mercado) e centrais térmicas em Portugal e Espanha.
Com estas vendas, a empresa pretende encaixar nos próximos meses cerca de 2000 milhões de euros, sem especificar se serão alienações de participações ou de unidades.
O programa de venda de activos em regime de mercado, “principalmente na Península Ibérica”, e de centrais térmicas será “executado nos próximos 12 a 18 meses”, refere a empresa no plano estratégico.
Brasil para manter
Mexia sublinhou que a empresa “quer ter visibilidade sobre estas vendas” até ao final do ano. “O critério tipicamente é que queremos desalavancar, portanto tem de ser significativo, queremos reduzir a exposição aos activos de mercado, e, claro, terminar as posições em térmicas”, sintetizou.
A América do Norte continua “a ser o motor, mas também o resto da Europa”, e o Brasil também é para manter e ir analisando oportunidades de crescimento. Já a Península Ibérica perde relevância e a estratégia “é diminuir exposição”.
“Queremos reforçar no que controlamos e sair de tudo o que não gostamos ou que não controlamos”, afirmou o presidente da EDP.
A empresa, que vai manter-se focada em assegurar contratos de venda de longo prazo (como os chamados PPA, que garantem maior previsibilidade nas receitas), já vê que “as coisas estão a mexer na transição energética” em Portugal, onde o Governo prevê um investimento de 23 mil milhões de euros em renováveis até 2030 e prepara o lançamento de leilões de potência solar, para além de ter desbloqueados os processos de sobreequipamento dos parques eólicos.
A jornalista viajou a convite da EDP