Queda de avião foi um golpe forte para a ONU
Voo ligava duas das principais cidades de África Oriental onde têm sede várias agências humanitárias. Passageiro salvou-se por chegar dois minutos atrasado.
O acidente do Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines em que morreram todos os 157 passageiros e tripulantes, vindos de mais de 35 países, tocou em especial as Nações Unidas. “É uma das maiores catástrofes que tivemos em muito tempo”, disse o director-geral do gabinete da ONU em Genebra, Michael Moller.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que pelo menos 21 funcionários das Nações Unidas viajavam no avião que caiu pouco depois de descolar de Addis-Abeba em direcção a Nairobi, e ainda um número indeterminado de pessoas que trabalhavam de perto com a organização.
Numa conferência do Programa Ambiental da ONU em Nairobi, centenas de pessoas fizeram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas: algumas estavam no avião para chegar à capital do Quénia e participar no encontro.
O voo ligava o que o Washington Post sublinhava serem as duas principais cidades da África Oriental: Addis-Abeba, sede da União Africana, a que já se chamou a capital política da região, e Nairobi, a capital comercial. Ambas têm sedes de várias instituições internacionais.
Entre as vítimas havia 32 cidadãos do Quénia, o país que perdeu o maior número de pessoas no acidente. Uma das vítimas foi Cedric Asiavugwa, que estudava na Universidade de Georgetown, nos EUA, e estava a voar para Nairobi após a morte da mãe da sua noiva. O seu plano era um dia voltar ao Quénia para lutar pelos direitos dos refugiados.
Morreram ainda 18 cidadãos do Canadá, entre elas o professor de origem nigeriana Pius Adesanmi, que chefiava o departamento de Estudos Africanos da Universidade de Carleton e autor do livro You're Not a Country, Africa.
Nove etíopes, nove britânicos, oito italianos, oito chineses, e também oito norte-americanos morreram também, e ainda sete franceses, seis egípcios, cinco alemães, quatro indianos e quatro eslovacos. No total, houve vítimas de cerca de 35 nacionalidades.
Num desastre em que ninguém sobreviveu, um homem contou como um atraso de dois minutos que o deixou furioso acabou por lhe salvar a vida. O grego Antonis Mavropoulos escreveu um post no Facebook como chegou ao balcão de check-in e ainda viu os últimos passageiros no túnel para o voo. “Gritei para me deixarem passar, mas não autorizaram”, conta. Na altura, amaldiçoou o agente de ligação que não o encontrou a tempo. No post, agradeceu-lhe.
O voo despenhou-se seis minutos depois de ter descolado. Mavropoulos foi depois questionado por ter estado para embarcar e não o ter feito. “O funcionário que me levou para ser interrogado disse para eu não protestar, mas agradecer a Deus.”