Em seis meses o modelo Boeing 737 Max 8 teve dois acidentes. O que houve de semelhante?

Neste domingo, um Boeing 737 Max 8 despenhou-se na Etiópia, com 157 pessoas a bordo. É o segundo acidente com o mesmo modelo da Boeing em seis meses.

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O modelo 737 Max é utilizado por companhias aéreas de todo o mundo LUSA/STR

Um voo da Ethiopian Airlines com 157 pessoas a bordo, 149 passageiros e oito tripulantes, despenhou-se este domingo a caminho de Nairóbi, a capital do Quénia. O Boeing 737 Max 8 tinha partido de Addis-Abeba, capital da Etiópia. Esta é a segunda vez que, em seis meses, que esta exacta versão do 737 sofre um acidente grave.

Em Outubro de 2018, um avião Boeing 737 Max 8 despenhou-se com 189 pessoas a bordo no Mar de Java, num voo entre Jacarta e a maior cidade da ilha de Bangka, 450 quilómetros a Norte da capital da Indonésia. As causas dos dois acidentes ainda estão sob investigação. No entanto, o episódio deste domingo levantou novas dúvidas sobre o modelo da Boeing.

No acidente de domingo, segundo o Flightradar24, um site sueco de rastreamento de voos, o voo ET 302 da Ethiopian Airlines “tinha velocidade vertical instável” aquando da descolagem. O piloto Yared Getachew, capitão sénior que tinha mais de 8 mil horas de voo, tinha autorização para retornar ao aeroporto Addis-Abeba​, segundo a Ethiopian Airlines, que operava o voo. No entanto, o avião despenhou-se a caminho de Nairóbi, a capital do Quénia.

No acidente de Outubro, o Boeing 737 Max 8, ao serviço da companhia indonésia low cost Lion Air, o comandante pediu autorização para regressar ao aeroporto, momentos antes da queda (abrupta e em direcção ao mar), mas não obteve resposta. O aparelho estava ao serviço da companhia aérea indonésia há poucos meses e tinha registado um problema técnico no voo anterior que, segundo o director da empresa, tinha sido resolvido.

O que se sabe sobre a origem dos acidentes?

Ainda não se sabe a causa concreta do acidente deste domingo, na Etiópia, nem do acidente que provocou a queda do Boeing 737 no Mar de Java. Contudo, segundo o jornal New York Times, as investigações das autoridades de aviação da Indonésia e dos Estados Unidos afirmam que a queda abrupta do avião da Lion Air, em Outubro, pode ter sido causada por falhas no software. Uma das hipóteses que está a ser apontada é uma possível fragilidade na mais recente actualização do software da Boeing para aquele aparelho, e concretamente numa funcionalidade que forçará o nariz do avião a mergulhar em caso de subida abrupta. Os sindicatos dos pilotos de aviação têm-se queixado que algumas destas mudanças no sistema de controlo do voo não foram devidamente explicadas pela Boeing.

O que diz a Boeing depois dos acidentes?

A Boeing afirmou no início da manhã deste domingo que estava a monitorizar a situação da queda do avião na Etiópia. “A Boeing está profundamente entristecida por saber da morte dos passageiros e da tripulação do voo ET 302. Uma equipa da Boeing está preparada para fornecer assistência técnica a pedido e sob a direcção Conselho Nacional de Segurança no Transporte dos EUA”, referiu a empresa em comunicado.

Em Outubro, a Boeing também disse que estava “profundamente entristecida” por saber da queda no Mar de Java. A empresa afirmou ainda que iria avaliar a necessidade de mudanças consoante as conclusões da investigação. No entanto, não é claro se algo foi alterado. A Boeing garantiu, no entanto, que a equipa técnica estava preparada para dar assistência técnica a pedido e sob direcção do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA.

Em 2017, a Boeing apresentava o 737 Max como um modelo “tecnologicamente avançado”. O objectivo era oferecer viagens para “cidades mais pequenas” e apostar em rotas transatlânticas e transcontinentais.

O modelo 737 Max é utilizado por companhias aéreas de todo o mundo (como a United Airlines, Ryanair, Blue Air, American Airlines), e tornou-se no avião mais vendido na história da Boeing. O modelo 737 Max é a última versão da aeronave Boeing 737, que sobrevoa desde a década de 1960. Há quatro modelos Max, numerados de 7 a 10. A série 8, que esteve envolvida nos acidentes da Indonésia e Etiópia, é a que voa há mais tempo.

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