Doadores da Síria ultrapassaram em 40% as metas para apoio humanitário em 2018

Os 3,5 mil milhões de euros prometidos para acções humanitárias e de apoio ao desenvolvimento cresceram para cinco mil milhões de euros. União Europeia é a maior contribuinte.

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Muhammad Hamed/Reuters

Os 35 doadores internacionais que em 2018 responderam ao apelo das Nações Unidas e da União Europeia e se comprometeram a transferir 3,5 mil milhões de euros de ajuda para a Síria não só já respeitaram integralmente as suas obrigações como até ultrapassaram em 40% o montante previsto para acções humanitárias e actividades de apoio ao desenvolvimento, tanto na Síria como nos países vizinhos que acolheram milhões de refugiados.

Nas vésperas da terceira conferência de Bruxelas sobre o futuro da Síria e da região, que decorre de 12 a 14 de Março, a União Europeia fez um balanço dos compromissos assumidos na edição do ano passado. “Os números são relativamente encorajadores. Os doadores aceleraram os seus pagamentos e até foram 40% acima da meta com que se tinham comprometido”, resumiu um responsável da Comissão Europeia.

Assim, a meta dos 3,5 mil milhões prometidos para o apoio humanitário na Síria, Jordânia, Líbano, Turquia, Iraque e Egipto foi excedida em 38%, com um total de cinco mil milhões de euros arrecadados. Até Fevereiro deste ano, os doadores já tinham disponibilizado metade do total de 2,9 mil milhões de euros da assistência financeira prometida para o período de 2019/2020, com 1,4 mil milhões de euros já entregues. 

A União Europeia, que através da Comissão Europeia entrega 560 milhões de euros por ano para a assistência à Síria, encabeça a lista dos doadores: juntamente com os seus Estados-membros, foi responsável por cerca de 70% dos cinco mil milhões de euros prometidos em 2018 (2,7 mil milhões de euros).

Desde 2011, quando rebentou o conflito, a UE e os seus Estados membros já mobilizaram mais de 10,8 mil milhões de euros de ajuda humanitária e operações de estabilização no país. A maior contribuição saiu do orçamento comunitário, com sete mil milhões de euros. Individualmente, a Alemanha e o Reino Unido são os Estados membros que se destacam como os mais generosos.

Na próxima semana, a UE espera receber cerca de 85 delegações de alto nível na conferência destinada a manter a comunidade internacional mobilizada não só para a necessidade de prosseguir as actividades humanitárias na Síria e países circundantes (onde vivem mais de 5,6 milhões de refugiados sírios) como de manter a pressão sobre os intervenientes políticos para negociar uma solução para a crise.

Como nas anteriores edições, nem os membros do Governo do Presidente sírio, Bashar al-Assad, nem os representantes da oposição ao regime que se encontram no exílio foram convidados a participar no evento.

Uma fonte europeia envolvida nos preparativos da conferência sublinhou que nenhum do dinheiro que é recolhido para a Síria cai na mão das autoridades sírias ou tem como objectivo apoiar a reconstrução do país. “Este não é um momento para falar em reconstrução ou em normalização. Não vimos nenhum movimento da parte do regime que justificasse uma alteração da nossa posição”, garantiu este responsável, lembrando que para a UE, esse esforço só pode iniciar-se depois de acertada uma solução política que ponha termo ao conflito. 

Como no ano passado, a conferência de Bruxelas será mais uma oportunidade para chamar a atenção da comunidade internacional para a emergência humanitária na Síria, onde mais de 13 milhões de pessoas continuam totalmente dependentes da ajuda externa para suprir as suas necessidades básicas. Em áreas descritas como de “necessidades agudas”, encontram-se cerca de cinco milhões de pessoas, 40% das quais são crianças. E as suas carências vão além do abrigo, da alimentação ou da saúde: por exemplo, mais de dois milhões de crianças não têm maneira de frequentar a escola.

“É por isso que, além do foco humanitário, queremos alargar o ângulo da conferência para incluir  outras dimensões, como a justiça, a coesão social ou a educação. Quando temos milhões que não são alfabetizados, corremos o risco de ter uma geração perdida, sem perspectivas para o seu futuro”, apontou o mesmo responsável.

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