Partido que propôs candidatura de princesa tailandesa dissolvido

Apoiantes de Thaksin Shinawatra ficam com poucas opções nas eleições de 23 de Março. Tribunal Constitucional considerou a tentativa de candidatar a princesa Ubolratana foi um “acto hostil” à monarquia.

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Preechapol Pongpanich, o líder do partido dissolvido pelo Tribunal Constitucional, ao centro RUNGROJ YONGRIT/EPA

O partido que tentou apresentar a princesa tailandesa como candidata às eleições legislativas foi banido pelo Tribunal Constitucional, deixando a oposição à junta militar no poder muito fragilizada.

O partido Thai Raksa Chart foi criado por apoiantes do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, e era uma das principais formações que se opunha ao establishment militar que governa a Tailândia desde o golpe de Estado de 2014.

Há cerca de um mês, o Thai Raksa Chart propôs a princesa Ubolratana Rajakanya Sirivadhana Barnavadi, irmã do actual monarca, como candidata a primeira-ministra. Foi uma jogada de altíssimo risco num país onde a monarquia é uma instituição intocável. Poucas horas depois do anúncio, o rei Maha Vajiralongkorn emitiu uma declaração em que proibia a princesa de se envolver na política.

O Tribunal Constitucional decidiu esta quinta-feira, por unanimidade, dissolver o partido por violação da lei eleitoral e considerou a candidatura da princesa Ubolratana um acto “hostil ao poder da monarquia constitucional”. “Ao trazê-la para a política a seu favor, o partido ignorou o valor fundamental da monarquia constitucional e pôs a instituição em risco”, considerou o tribunal, citado pelo Bangkok Post.

Os 14 membros-executivos da direcção do Thai Raksa Chart ficaram também proibidos durante dez anos de se candidatar a cargos eleitorais, de fundar novos partidos e de exercer cargos directivos em partidos existentes.

Mais de mil polícias formaram um perímetro de segurança à volta do edifício do Tribunal Constitucional, disse a Reuters. Visivelmente emocionado, o líder do Thai Raksa Chart, Preechapol Pongpanich, disse aos jornalistas à saída da sessão que tinha “boas intenções para o país”. Vários apoiantes do partido foram vistos em lágrimas depois de conhecerem a decisão.

Ubolratana reagiu à dissolução do partido dizendo tratar-se de “uma história muito triste e deprimente”. A princesa, filha mais velha do venerado rei Bhumibol, que morreu em 2016, é muito popular na Tailândia, onde fez carreira como actriz e modelo depois de ter vivido nos Estados Unidos, onde se casou e abdicou dos títulos reais.

A dissolução do Thai Raksa Chart deixa os apoiantes de Thaksin Shinawatra, conhecidos como “camisas vermelhas”, com poucas opções nas eleições de 23 de Março. “Era plausível, à luz da candidatura de curta duração da princesa, que os partidos alinhados com Thaksin tivessem hipótese de alcançar uma maioria simples, se a sua nomeação não tivesse sido invalidada”, disse à Reuters Thitinan Pongsudhirak, politólogo da Universidade de Chulalongkorn.

A pouco mais de duas semanas das eleições legislativas, à oposição resta pouco tempo para se reorganizar. Os militares que governam a Tailândia desde o golpe que em 2014 derrubou o Governo de Yingluck Shinawatra, irmã de Thaksin, querem manter-se no poder após as eleições.

A Constituição que aprovaram em 2017 estabelece um tecto máximo para o número de lugares que cada partido pode eleger no Parlamento, dificultando a formação de maiorias. Os analistas prevêem que isto favoreça os partidos apoiados pelos militares. O general Prayuth Chan-ocha, que exerce a chefia do Executivo, é o candidato a primeiro-ministro mais bem colocado.

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