Dores de crescimento do Benfica em Zagreb

“Encarnados” perdem por 1-0 com o Dínamo no jogo da primeira mão dos oitavos-de-final da Liga Europa.

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LUSA/ANTONIO BAT

O Benfica de Bruno Lage tem sido merecedor de todos os elogios e mais algum. Porque ganha. Porque ganha a jogar bem. Porque ganha com juventude inquieta. Mas tudo isso faltou nesta quinta-feira em Zagreb aos “encarnados”, que perderam 1-0 com o Dínamo na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga Europa. Tudo continua por decidir e uma desvantagem pela margem mínima estará sempre ao alcance de uma equipa que já teve uma vitória por 10-0 esta época. Saberemos na próxima quinta-feira, na Luz, o destino europeu do Benfica, e os próximos jogos – segunda-feira recebe o Belenenses SAD - dirão se esta derrota foi uma constipação passageira ou um sintoma de algo mais grave.

Há muitos factores que ajudam a explicar a desinspiração geral do Benfica frente aos croatas e tem tudo muito a ver com gestão de esforço de uns, com a falta de rodagem de outros e alguma falta de opções ofensivas. Houve a preocupação de Bruno Lage em fazer descansar algumas pernas (Pizzi e André Almeida ficaram em Lisboa), mas o técnico também estava obrigado a usar a mesma dupla no ataque (Seferovic e João Félix) simplesmente porque não tinha mais ninguém (Jonas também não fez a viagem). Faltou aquele toque de experiência de Pizzi e Almeida na equipa, a temperar a juventude de quase todos os outros, mas também não resultou a inclusão de Corchia e Krovinovic, sobretudo a do médio croata.

A estatística final dirá que o Benfica teve mais posse de bola que o Dínamo, mas não houve quem tivesse a clarividência para a progressão rápida na direcção da baliza adversária, algo que tem sido a imagem de marca da equipa nos últimos tempos. Isso só aconteceu uma vez e logo aos 7’. Krovinovic fez o passe de ruptura para Grimaldo aparecer isolado na cara de Livakovic, mas o guarda-redes croata leu bem a jogado e antecipou-se ao lateral espanhol. Foi, talvez, a única verdadeira oportunidade de golo do Benfica em 90 minutos. Em Zagreb, o Benfica não teve pernas, mas também não teve cabeça.

O Dínamo, pelo contrário, teve menos bola, mas foi bem mais perigoso e mostrou por que razão conquistou 12 dos últimos 13 campeonatos croatas e está perto de vencer mais um. Teve olho para saber quebrar a circulação de bola benfiquista e partir rapidamente para a frente. Dani Olmo, o jovem espanhol “raptado” à formação do Barcelona, era o verdadeiro estratega do ataque croata, enquanto os velocistas Orsic e Radzior se encarregavam de provocar estragos. Vlachodimos foi providencial em dois momentos, num remate de fora de Olmo aos 19’ e num livre de Kadzior aos 29’.

Pouco depois da meia-hora, aos 35’ Seferovic, um dos grandes destaques do Benfica de Bruno Lage, saiu lesionado e deu o lugar a Cervi. Félix perdeu o seu parceiro dos golos e desapareceu ainda mais do jogo – está por saber esta lesão do suíço é de recuperação rápida ou demorada. No minuto seguinte, Ruben Dias derrubou Dani Olmo dentro da área “encarnada”, o árbitro assinalou penálti e, na conversão do castigo, Petkovic colocou o Dínamo em vantagem.

Coisa rara (mas não inédita) na era Bruno Lage, o Benfica via-se a perder. Tinha acontecido poucos dias antes, no Dragão, e o Benfica reagiu com brilhantismo, arrancando uma vitória que o elevou ao comando do campeonato. Mas isso não aconteceu em Zagreb. O espírito da primeira parte transpirou para a segunda e as mudanças que Lage foi fazendo (Rafa por Florentino e Zivkovic por Gedson) fizeram muito pelo Benfica, sem encontrar o caminho, fosse em transições, fosse em ataque planeado.

O Dínamo continuou a cumprir bem a sua estratégia, a de lidar com os ataques falhados do Benfica e a correr para a frente, muitas vezes chegando à área contrária em situações de igualdade ou, até, superioridade numérica. E o resultado poderia ter sido bem mais pesado para o Benfica, mas a falta de pontaria dos jogadores croatas deixou o resultado na margem mínima, perfeitamente recuperável para o jogo da segunda mão, na Luz. Por tudo isto, a segunda derrota em 15 jogos do Benfica de Lage não foi nenhum drama e até pode ser uma lição bem-vinda para uma equipa que está em crescimento acelerado.

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